Comunidades ribeirinhas em Belém convivem com a ausência de infraestrutura básica enquanto a cidade se prepara para sediar a conferência climática mais importante do planeta

Belém vai receber, em novembro, líderes do mundo inteiro para discutir o futuro do clima durante a COP30. Mas a poucos minutos do centro da cidade, comunidades inteiras da Amazônia ainda vivem sem acesso à água potável e ao saneamento básico.Na Ilha do Combu, que ocupa 65% do território da capital paraense, a realidade é dura. A água do Rio Guamá, mesmo quando fervida, só serve para lavar roupa ou louça. Para beber, os moradores precisam comprar galões de água mineral — o que pesa no bolso de quem tem pouco. Enquanto a área continental de Belém conta com rede de distribuição, as regiões insulares estão praticamente esquecidas. Segundo dados do Instituto Trata Brasil, apenas 19,9% da população tem acesso à coleta de esgoto. E o índice de tratamento é ainda menor: apenas 2,4%.

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Iniciativas locais tentam preencher essa lacuna. Uma delas é o projeto de fossas ecológicas desenvolvido com apoio da Universidade Federal Rural da Amazônia. Com baixo custo e tecnologia simples, essas estruturas tratam o esgoto usando plantas e devolvem a água limpa à natureza. Mas são ações pontuais e ainda não atendem a maioria da população. Belém é hoje a oitava pior capital do Brasil em saneamento, de acordo com o ranking nacional do Instituto Trata Brasil. A cidade-sede da COP30 precisa de investimentos urgentes para oferecer condições mínimas de saúde e dignidade a seus habitantes. Se a conferência quer ser um marco global, precisa começar olhando para dentro de casa. O clima está no centro do debate, mas não pode ignorar quem vive, todos os dias, as consequências do descaso ambiental e da desigualdade.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.