Empresário é suspeito de articular rede para desviar recursos de associações ligadas a aposentados, com repasses a funcionários
Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, teria recebido cerca de R$ 53,58 milhões provenientes de associações e empresas intermediárias no esquema de descontos irregulares em aposentadorias no órgão. Ele é apontado pela investigação da Polícia Federal como figura central no crime.
Conforme detalhado em relatório dos investigadores, os valores foram repassados por meio de empresas ligadas a Antunes. Ainda segundo o documento, aproximadamente R$ 9,32 milhões teriam sido direcionados por ele a funcionários públicos e companhias associadas a altos escalões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
“A partir da análise detalhada das transações financeiras identificadas na presente IPJ, é possível concluir que o esquema em questão envolve uma rede de empresas e pessoas físicas que atuam de forma coordenada para movimentar recursos advindos de um esquema ilícito, utilizando mecanismos complexos de envio e recebimento de valores entre as partes envolvidas“, afirmou o inquérito, divulgado pelo g1.
O empresário esteve entre os investigados na Operação Sem Desconto, realizada na última 4ª feira (23.abr.2025), que teve como objetivo desarticular práticas ilegais de dedução nos proventos de aposentados e pensionistas. Segundo os responsáveis pela apuração, Antunes utilizava suas empresas para oferecer serviços de consultoria a associações que efetuavam cobranças mensais junto aos beneficiários do INSS.
Antunes teria exercido a função de lobista, atuando em nome de empresas junto ao INSS. A apuração traz como evidência uma procuração emitida em 2022 pela Ambec (Associação de Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos), uma das entidades sob investigação, autorizando-o a negociar um aditivo ao contrato firmado entre a associação e o instituto.
No relatório, ele é identificado como sócio de 21 empresas, sendo que 19 delas foram abertas a partir de 2022. A investigação aponta que ao menos 4 dessas companhias estariam diretamente ligadas e utilizadas no esquema conhecido como “farra do INSS”.
“Com efeito, verificou-se que as empresas de Antonio Carlos Camilo Antunes operaram como intermediárias financeiras para as entidades associativas e, em razão disso, receberam recursos de diversas associações que, em parte, foram destinados a servidores do INSS”, diz trecho do documento.