O republicano sacudiu os mercados financeiros com a guerra tarifária e virou a política externa dos Estados Unidos de cabeça para baixo

Desde que voltou à Casa Branca, o presidente Donald Trump virou a política externa dos Estados Unidos de cabeça para baixo, sacudiu os mercados financeiros e transformou o Salão Oval no cenário de uma sucessão de acontecimentos.
Confira a seguir dez momentos-chave dos primeiros 100 dias do segundo mandato de Trump:
20 de janeiro de 2025: uma enxurrada de decretos
Trump assina um recorde de 26 decretos em seu primeiro dia de volta ao Salão Oval. Suas primeiras medidas deram o tom de seu novo mandato, com a saída dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde e o perdão aos agitadores que invadiram o Capitólio, sede do Legislativo americano, quatro anos antes.
4 de fevereiro: Trump propõe tomar Gaza
Durante uma reunião com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Trump diz que a Faixa de Gaza, devastada pela guerra, lar de mais de dois milhões de palestinos, poderia se tornar “a Riviera do Oriente Médio”. Três semanas depois, ele publicou um vídeo criado com inteligência artificial que mostrava uma Gaza imaginária transformada em um balneário em sua homenagem.
12 de fevereiro: Trump, Musk e seu filho recebem a imprensa
Elon Musk, o aliado bilionário de Trump, e seu filho pequeno se juntam ao presidente em uma coletiva de imprensa no Salão Oval. Musk, à frente dos esforços de cortes de custos no chamado Departamento de Eficiência Governamental – a agência DOGE – rejeita as críticas de falta de transparência e possíveis conflitos de interesse. Seu filho – cujo nome completo é X Æ A-Xii – murmura e se contorce durante sua fala.
12 de fevereiro: Trump tira Putin da geladeira
Trump acabou com anos de isolamento diplomático de Vladimir Putin com uma conversa por telefone de 1h30 com o presidente russo. Um segundo telefonema se seguiu em 28 de fevereiro, assim como algumas reuniões EUA-Rússia, das quais as potências foram excluídas. Até agora, a reaproximação resultou em duas trocas de prisioneiros entre os dois países.
14 de fevereiro: Vance dá sermão na Europa
Durante a Conferência de Segurança de Munique, o vice-presidente JD Vance chocou os líderes europeus, aos quais repreendeu por restringirem a liberdade de expressão, dizendo-lhes para “aumentar” os investimentos em defesa e criticando-os sobre a imigração. Suas declarações duras, assim como outras que se seguiram da administração Trump, sinalizam um fim das antigas certezas transatlânticas a respeito do apoio americano à Europa.
28 de fevereiro: Zelensky humilhado
Durante um encontro tenso na Casa Branca, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, é submetido, diante das câmeras, a um ataque verbal de Trump e Vance, que o critica por sua falta de gratidão pelo apoio americano na guerra que a Ucrânia trava com a Rússia. “Trump e Vance estão fazendo o trabalho sujo de Putin”, publicou nas redes sociais o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer.
7 de março: Trump ataca as universidades
O governo Trump acusa várias universidades de serem tolerantes com o antissemitismo durante as manifestações nos campi denunciando a guerra de Israel em Gaza. Ele cortou US$ 400 milhões (R$ 2,3 bilhões) em subvenções federais da Universidade de Columbia, alegando que a instituição deu apoio a “o assédio persistente de estudantes judeus” após os protestos anti-israelenses.
Mais recentemente, ele congelou US$ 2,2 bilhões (cerca de R$ 13 bilhões) em fundos federais para a Universidade de Harvard, ameaçando retirar seu status de isenção de impostos como instituição sem fins lucrativos, depois que o centro de ensino se opôs a se submeter à vigilância governamental.
15 de março: deportações em massa para El Salvador
O governo Trump recorreu a uma obscura lei de tempos de guerra para justificar a deportação de mais de 200 supostos membros de gangues, enviados para uma prisão de segurança máxima em El Salvador. Contestado na justiça, o caso chegou à Suprema Corte. O Executivo se recusou a voltar atrás e um juiz federal agora diz que há uma “causa provável” de cometimento de desacato judicial por parte da administração por ignorar uma ordem para suspender as deportações.
26 de março: os EUA deveriam tomar a Groenlândia
Trump reforça os comentários feitos em dezembro de que os Estados Unidos precisam da Groenlândia e se recusa a descartar o uso da força dois dias antes de uma visita do vice-presidente Vance com sua esposa à ilha, um território autônomo dinamarquês. “Nós precisamos da Groenlândia para a segurança internacional…,” afirmou. “Temos que tê-la”, acrescentou.
Líderes dinamarqueses reagem rapidamente e Vance acaba não se reunindo com membros da sociedade groenlandesa, restringindo sua visita à base militar americana instalada lá.
2 a 9 de abril: Trump inicia a guerra tarifária
Em 2 de abril, Trump anuncia uma nova onda de tarifas contra dezenas de países, aliados e rivais, acusando-os de tirar vantagem dos Estados Unidos, levando muitos afetados a adotarem aumentos de taxas retaliatórios.
Em 9 de abril, dia em que o ‘tarifaço’ deveria entrar em vigor, Trump anuncia uma pausa de 90 dias para todas as tarifas, exceto as dirigidas à China, que ele eleva para 145% – que podem chegar a 245% para alguns produtos, incluindo carros elétricos. A crise sacudiu os mercados globais, fez o preço do ouro disparar e afetou o valor do dólar.
*Com informações da AFP
Publicado por Carolina Ferreira