Israel admite falhas em ataque que causou morte de 15 médicos

Israel admite falhas em ataque que causou morte de 15 médicos


Tropas israelenses atiraram contra ambulâncias durante operação militar em 23 de março

As IDF (sigla em inglês para Forças de Defesa de Israel) afirmaram neste domingo (21.abr.2025) que houve “falhas profissionais” na operação militar que resultou na morte de 15 profissionais de saúde palestinos na Faixa de Gaza. O episódio envolveu disparos contra ambulâncias e veículos de resgate.

De acordo com o relatório do Exército israelense, divulgado neste domingo (20.abr), a investigação concluiu que o ataque se deu por “um erro operacional” em um “cenário hostil e perigoso”. “A apuração identificou falhas profissionais, descumprimento de ordens e uma falha no relato completo do incidente”, disse o comando militar.

O pano de fundo do incidente é o desafio e a responsabilidade das Forças de Defesa de Israel (IDF) de respeitar e proteger as equipes e instalações médicas que desempenham suas funções, ao mesmo tempo, em que confrontam o uso repetido dessa infraestrutura pelo Hamas para fins terroristas, incluindo o uso de ambulâncias para transportar terroristas e armas”, diz o comunicado.

ENTENDA

Em 31 de março de 2025, a agência Ocha (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários) disse que um ataque das IFD matou 15 paramédicos e outros agentes humanitários na Faixa de Gaza. Segundo o chefe da Ocha na Palestina, Jonathan Whittall, os integrantes da equipe de resgate foram atingidos “um por um”.

A agência da ONU disse que os médicos foram mortos em uma operação em 23 de março para resgatar colegas baleados no início do dia, quando as ambulâncias da organização foram atingidas. A data foi 1 dia depois de Israel retomar a ofensiva na fronteira com o Egito.

RELATÓRIO DO EXÉRCITO

A IDF informou que as tropas estavam realizando uma missão contra supostos terroristas e dispararam depois de interpretarem como ameaçadora a aproximação rápida de 5 veículos, entre eles caminhões e ambulâncias, dos quais pessoas desciam rapidamente. Segundo o Exército, 6 dos mortos foram identificados como integrantes do Hamas posteriormente.

A vigilância de apoio relatou 5 veículos se aproximando rapidamente e parando perto das tropas, com os passageiros desembarcando rapidamente. O vice-comandante do batalhão avaliou os veículos como empregados pelas forças do Hamas, que chegaram para ajudar os passageiros do primeiro veículo. Sob essa impressão e senso de ameaça, ele ordenou que abrissem fogo”, escreveram o IDF.

Segundo o relatório, o comandante de campo não percebeu, por causa da baixa visibilidade noturna, que os veículos eram equipes de resgate. “Somente depois de se aproximar dos veículos é que foi identificado que se tratavam de ambulâncias”, diz o documento.

Outro erro apontado foi o disparo contra um veículo da ONU, cerca de 15 minutos depois do ataque às ambulâncias. A IDF reconheceu que se tratou de uma violação dos protocolos operacionais. “As tropas atiraram em um veículo palestino da ONU devido a erros operacionais em violação aos regulamentos”.

Além disso, os militares afirmaram que foi “incorreta” a decisão de destruir os veículos atingidos e confirmaram que os corpos das vítimas foram retirados e removidos da área ao amanhecer. A ação, no entanto, “não teve o intuito de esconder o incidente”, segundo os militares, que disseram ter comunicado o episódio à ONU e a organizações internacionais.

Medidas disciplinares foram anunciadas. O comandante da 14ª Brigada recebeu uma reprimenda formal, e o subcomandante do Batalhão de Reconhecimento Golani foi destituído do cargo por ter liderado a operação e apresentado relatório impreciso.

A IDF afirmou lamentar a morte de civis não envolvidos e declarou que o caso servirá para “aprender com incidentes operacionais e reduzir a probabilidade de ocorrências semelhantes no futuro”. Os resultados da investigação serão encaminhados à Procuradoria Militar.





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