Sob o governo de Donald Trump, os Estados Unidos identificaram a parlamentar como homem durante a emissão de um novo visto
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) declarou que a Câmara dos Deputados e o Palácio do Itamaraty já deveriam ter se pronunciado e se mobilizado diante da decisão dos Estados Unidos de identificá-la como homem. O episódio ocorreu quando a parlamentar fez uma nova solicitação de visto para participar de uma missão oficial da Câmara e do painel “Diversidade e Democracia”, no dia 12 de abril.
A deputada fez a declaração em entrevista à CNN nesta quinta-feira (17/4). “Eu acho que tanto a Câmara dos Deputados, quanto o próprio Itamaraty já deveriam ter se posicionado. Eu entendo que nós estamos numa semana esvaziada, eu entendo que existe uma linha tênue dentro dessa disputa e dessa relação geopolítica dos Estados Unidos com outros países do mundo, mas sem sombra de dúvida nenhuma, nós podemos esperar mais, esperar a semana passar”, disse.
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Hilton havia sido convidada para palestrar neste mês em um evento promovido pela Universidade de Harvard e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), quando recebeu o retorno a respeito do documento.
A Embaixada justificou a decisão foi feita com base na política do país, que reconhece apenas dois sexos (feminino e masculino), considerados, segundo os Estados Unidos, “imutáveis” desde o nascimento, dizia a nota enviada ao portal LeoDias na última quarta-feira (16/4).
“Uma parlamentar teve o seu direito a ir em uma agenda oficial, representando o Estado brasileiro, negado por conta de uma violação do seu direito e por conta da violação de um documento oficial brasileiro. Não significa um nome social, são os meus documentos, a minha certidão de nascimento, o meu RG, o meu passaporte diplomático me reconhecem enquanto mulher e é importante que a Câmara dos Deputados e o Itamaraty se pronunciem o quanto antes possível”, continuou Hilton.
Além dela, a deputada Duda Salabert (PDT-MG) também afirmou ter enfrentado a mesma situação há cerca de 15 dias. A parlamentar declarou ainda que está finalizando uma ação que será apresentada à Organização das Nações Unidas (ONU) e que pretende acionar também a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
“É preciso que se denuncie esses absurdos que estão acontecendo lá [Estados Unidos]”, reafirmou.