Não estou suspendendo luta contra o orçamento secreto

Não estou suspendendo luta contra o orçamento secreto


Deputado encerra greve de fome depois de acordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB)

O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) disse nesta 5ª feira (17.abr.2025) que “suspende a greve de fome”, mas não a “luta contra o ‘orçamento secreto’”. O congressista encerrou a forma de protesto contra a aprovação do parecer que pode cassar seu mandato depois de 8 dias sem se alimentar. Ele responde a uma ação por ter agredido, em abril de 2024, o youtuber Gabriel Costenaro, integrante do MBL (Movimento Brasil Livre).

“Estou suspendendo essa greve de fome, mas não estamos suspendendo a luta contra o ‘orçamento secreto’. Não estamos suspendendo a luta contra o poder oligárquico, contra a responsabilização dos assassinos de Marielle [Franco, do Psol-RJ], não estamos suspendendo a luta pela responsabilização dos golpistas de plantão”, declarou o psolista a jornalistas na Câmara.

Glauber já repetiu em diversas ocasiões que sua cassação seria resultado de um acordo articulado pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). O deputado alagoano é um dos principais responsáveis pela articulação das emendas de relator, chamadas de “orçamento secreto”.

Na prática, não existe um “orçamento secreto”. Todas as emendas apresentadas por deputados e senadores são públicas no momento de sua execução –ou seja, quando os recursos são efetivamente pagos. O problema está na falta de transparência sobre quais congressistas, de fato, indicaram determinadas verbas.

O Psol e aliados avaliam que a punição com a perda do mandato, considerada por eles desproporcional, pode ser uma retaliação de Lira por causa da atuação do deputado contra o orçamento secreto.

O deputado e seu partido foram responsáveis por iniciar a ação judicial que fez o STF (Supremo Tribunal Federal) travar a destinação de emendas, em 2024. À época, Glauber Braga disse que Lira “sequestra” o Orçamento com a execução de emendas de congressistas.

O ex-presidente da Câmara nega perseguição contra Braga. “De minha parte, refuto veementemente mais essa acusação ilegítima por parte do deputado Glauber Braga e ressalto que qualquer insinuação da prática de irregularidades, descasada de elemento concreto de prova que a sustente, dará ensejo à adoção das medidas judiciais cabíveis”, disse.

ACORDO COM MOTTA

Glauber afirmou que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se comprometeu a pautar a votação do processo 60 dias depois da análise, pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), do recurso que ele pretende apresentar.

“Essa suspensão da greve de fome vem depois de dialogar com os movimentos, de uma reunião que durou bastante tempo, vem depois de um compromisso que foi assumido pelo presidente da Câmara, depois de uma articulação que envolveu diversos parlamentares, Ele [Motta] dá uma sinalização faz uma publicação, na prática, suspendo a deliberação no plenário nesse semestre”, disse Glauber.

Segundo a deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP), mulher de Glauber, a defesa do psolista deve apresentar o recurso à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na 5ª feira (24.abr). A partir daí, o colegiado tem 5 dias para analisá-lo. Caso seja aprovado, o processo retorna ao Conselho de Ética; se for rejeitado, segue direto para o plenário.





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