A fotojornalista palestina Fatma Hassouna, que inspirou um documentário selecionado para o Festival de Cannes, foi morta na Faixa de Gaza nesta quarta-feira (16/4) durante um bombardeio israelense, apenas 24 horas após a seleção do filme ter sido anunciada.
Ataques aéreos atingiram áreas onde se abrigavam deslocados em Gaza. De acordo com a Defesa Civil local, 40 pessoas morreram neste dia. Entre as vítimas estavam Fatma e nove membros de sua família.
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A morte da jornalista foi confirmada pela Associação do Cinema Independente para a sua Difusão (ACID), curadora da mostra paralela L’ACID em Cannes.
O documentário “Put Your Soul On Your Hand And Walk”, da diretora franco-iraniana Sepideh Farsi, tem como foco conversas com Fatma e retrata sua vivência em meio à guerra. A estreia está marcada para o dia 14 de maio, com exibições até 23 de maio no festival francês.
Fatma era reconhecida por seu trabalho como fotojornalista, documentando os impactos da ocupação israelense em Gaza. Suas imagens ganharam repercussão internacional e foram publicadas em veículos como o The Guardian. Em seu perfil no Instagram, com mais de 27 mil seguidores, ela se descrevia como “uma mulher corajosa que persegue a luz em busca de espanto”.
Em depoimento ao portal Deadline, Farsi revelou que Fatma ficou noiva recentemente e que uma de suas irmãs, também vítima do ataque, estava grávida.
A ACID divulgou uma nota emocionada, lamentando a perda da jornalista. “Seu sorriso era tão mágico quanto sua tenacidade: testemunhando, fotografando Gaza, distribuindo comida apesar das bombas, do luto e da fome. A história dela chegou até nós, nos alegramos a cada uma de suas aparições por saber que ela estava viva, tememos por ela. Ontem, soubemos com horror que um míssil israelense atingiu seu prédio, matando Fatem e seus familiares”, escreveu a associação.
“Tínhamos assistido e programado um filme onde a força vital dessa jovem era nada menos que milagrosa. Não é mais o mesmo filme que iremos exibir, apoiar e apresentar em todos os cinemas, começando por Cannes”, lamentaram.
Desde a retomada dos ataques em março, após uma trégua de dois meses, os bombardeios em Gaza se intensificaram. Segundo o Ministério da Saúde Palestino, mais de 50 mil pessoas já morreram desde o início do conflito em outubro de 2023, incluindo 15 mil crianças palestinas.