Durante o Acampamento Terra Livre, realizado em Brasília na quinta-feira, 10 de abril, a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) acabou atingida por bombas de gás de pimenta utilizadas pela Polícia Legislativa.
O episódio ocorreu no fim da tarde, quando manifestantes avançaram até a frente do Congresso Nacional. A marcha, que reúne diversas etnias indígenas em uma das maiores mobilizações do país, marcou-se por tensão e uso de força policial.
De acordo com relatos, os indígenas saíram do local onde estavam acampados, nas proximidades da antiga Funarte, por volta das 17h. O grupo caminhou em direção ao Congresso Nacional, onde parte dos manifestantes rompeu a barreira de proteção instalada no entorno do prédio. Em resposta, a Polícia Legislativa lançou bombas de gás lacrimogêneo e utilizou spray de pimenta para conter o avanço.
Célia Xakriabá, atingida pelo gás, dirigiu-se à barreira policial e identificou-se como parlamentar. Mesmo assim, continuou afetada pela ação da polícia e relatou dores nos olhos. Mais tarde, ela se apresentou à Polícia Legislativa para prestar depoimento sobre o ocorrido. Em seguida, recebeu atendimento médico, após relatar mal-estar causado pela exposição ao gás.
Além da deputada, outras pessoas também acabaram atingidas, apresentando sintomas como dificuldade para respirar. Acionado, o Corpo de Bombeiros socorreu os afetados. A Polícia Militar do Distrito Federal manteve presença no local desde o início da manifestação. De acordo com relatos de participantes, também utilizou gás de pimenta e gás lacrimogêneo na tentativa de controlar a confusão diante do Congresso.
Autoridades divergem sobre ação policial que atingiu Célia Xakriabá
Após a dispersão do protesto, diferentes órgãos se manifestaram. Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal informou que, ao fim da marcha, o grupo teria ultrapassado a área de segurança do Congresso Nacional. Isso motivou a reação da Polícia Legislativa com o uso de “material químico”.
A Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) alegou que o evento planejou previamente, como acontece em manifestações do tipo, com participação dos organizadores.
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Por outro lado, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirmou que os manifestantes não foram devidamente informados sobre os limites estabelecidos para a marcha. Esse ponto foi reafirmado por representantes dos povos indígenas, que questionaram a falta de orientação e criticaram a repressão diante de uma mobilização pacífica.
Já a Câmara dos Deputados declarou que havia sido feito um acordo para que os manifestantes parassem na Avenida José Sarney, antes da Avenida das Bandeiras, próxima ao gramado do Congresso. No entanto, parte do grupo teria avançado além do limite estipulado.
A Secretaria de Polícia do Senado Federal também comentou a situação, informando que o avanço inesperado dos manifestantes tornou necessária a contenção, mas afirmou que “não houve grandes intercorrências”.
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A Presidência do Congresso Nacional, por sua vez, reforçou que respeita os povos originários e toda forma pacífica de manifestação, mas ressaltou que a integridade do Congresso e a segurança de servidores, visitantes e parlamentares devem ser preservadas.
