A Polícia Civil de SP apura a denúncia de que 2 estudantes ridicularizaram, em vídeo no TikTok, uma paciente submetida a 4 transplantes
A Polícia Civil de São Paulo instaurou um inquérito para apurar a conduta de 2 estudantes de medicina que divulgaram, no TikTok, um vídeo em que teriam ridicularizado uma paciente que já havia sido submetida a 3 transplantes cardíacos e um renal. O caso será investigado como possível injúria pelo 14º Distrito Policial, localizado em Pinheiros, na zona oeste da capital.
Nas imagens, Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeira Soares Foffano insinuam que a quantidade de procedimentos cirúrgicos realizados em Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, seria por negligência da paciente. Ela morreu em 28 de fevereiro, 9 dias depois do compartilhamento do vídeo.
“O caso citado é investigado como injúria por meio de inquérito policial instaurado pelo 14° Distrito Policial (Pinheiros). A mãe da vítima foi ouvida e as diligências seguem visando o devido esclarecimento dos fatos, bem como a responsabilização dos envolvidos”, disse a Secretária de Segurança Publica de São Paulo, em nota.
Assista ao vídeo (2min9s)
O Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas) da USP (Universidade de São Paulo) repudiou o vídeo. “O Incor, referência na América Latina nas áreas de cardiologia e pneumologia, reafirma seu compromisso com a ética e a confidencialidade, e informa que não divulga dados de pacientes”, declarou a entidade, em nota.
Na postagem, as estudantes dão a entender que a sequência de procedimentos se deveu a uma suposta falta de cuidado da paciente, que não teria tomado os medicamentos corretamente. “Um transplante cardíaco já é burocrático, já é raro, tem a questão da fila de espera, da compatibilidade, 1.000 questões envolvidas. Agora, uma pessoa passar por um transplante 3 vezes, isso é real e aconteceu aqui no Incor e essa paciente está internada aqui”, afirmou Thaís.
O vídeo original foi retirado do ar. O Incor afirmou que repudia “veementemente” atitudes que “violem esses princípios”, garantindo que “adotará todas as medidas cabíveis” sobre a conduta das duas alunas.
Em nota divulgada pelo Metrópoles, as estudantes alegaram que não tiveram acesso ao prontuário da paciente e “não sabíamos quem era”. Gabrielli e Thaís manifestaram solidariedade à família de Vitória e negaram “qualquer deboche ou insensibilidade”. “Nosso compromisso com a vida, a dignidade humana e os princípios éticos da medicina permanece inabalável”, ressaltaram.