Ações dos EUA, queda no preço do petróleo e dados do setor industrial do Brasil estão entre os temas
Os mercados mundiais seguem instáveis nesta 4ª feira (9.abr.2025), em meio à deterioração das expectativas com relação ao comércio internacional. A implementação de uma nova rodada de tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano), elevou as incertezas sobre o crescimento global e pressionou diversos ativos de risco.
Nos EUA, os investidores monitoram ainda os primeiros balanços corporativos do 2º trimestre e aguardam a divulgação da ata do Fed (Federal Reserve, Banco Central norte-americano). No Brasil, destaque para dados de produção industrial e vendas no varejo.
1. Ações dos EUA
Os índices futuros das ações dos EUA operavam em queda no início desta 4ª feira (9.abr), depois de uma sessão marcada por forte volatilidade na véspera.
Por volta das 8 h de Brasília, o Dow Jones recuava 1,72% (640 pontos), enquanto o S&P 500 e o Nasdaq 100 cediam 1,44% e 1,11%, respectivamente, no mercado futuro.
Na sessão anterior, os índices chegaram a subir com rumores de abertura para negociação por parte dos EUA, mas perderam força depois que autoridades da Casa Branca reafirmaram a imposição de uma tarifa adicional de 50% sobre produtos chineses. A medida eleva a carga tarifária total aplicada à China para 104%. Pequim reagiu com veemência e prometeu responder à altura, o que deteriorou o apetite por risco.
O S&P 500 encerrou o pregão abaixo dos 5.000 pontos pela 1ª vez em quase 1 ano, acumulando perdas superiores a US$ 5,8 trilhões desde o anúncio das tarifas em 2 de abril, pior sequência em 4 dias desde a criação do índice.
Apesar do impacto nos mercados, Trump manteve o tom combativo e afirmou que as tarifas são necessárias para corrigir desequilíbrios comerciais. Declarou ainda que diversos países estariam dispostos a negociar acordos e que conversas com Coreia do Sul, Japão e Vietnã devem ocorrer nos próximos dias.
A nova rodada de tarifas contra aliados e adversários passou a valer nesta 4ª feira (9.abr). A medida amplia o conflito comercial e aumenta os temores de desaceleração sincronizada da economia global. O mercado permanece dividido sobre a real intenção da Casa Branca: se o pacote tarifário será um instrumento de pressão temporária ou uma mudança estrutural na política comercial norte-americana.
Traders também apontam o risco de que, mesmo com acordos pontuais, o impacto imediato nos preços e nas cadeias de produção globais já esteja contratado, o que torna os próximos meses ainda mais desafiadores.
2. Balanços no radar
Nesta 4ª feira (9.abr), o mercado acompanha os resultados da Delta Air Lines (BVMF:DEAI34) (NYSE:DAL) e da Constellation Brands (NYSE:STZ). A aérea já havia sinalizado fraco desempenho no trimestre e deve detalhar o impacto da menor demanda diante da deterioração macroeconômica. A Constellation, controladora de marcas como Modelo e Pacifico, reporta seus números depois do fechamento dos mercados e pode oferecer pistas sobre o comportamento do consumidor frente ao novo cenário de preços.
Dados recentes mostram que o sentimento do consumidor norte-americano caiu em março, refletindo preocupações com finanças pessoais, emprego e inflação. Essa combinação tende a restringir gastos discricionários e amplia a possibilidade de desaceleração no consumo, embora os dados até agora não sinalizem uma recessão instalada.
3. Federal Reserve
Os investidores aguardam a publicação da ata da última reunião de política monetária do Fed, marcada para a tarde desta 4ª feira (9.abr). Embora parte da atenção tenha se deslocado para a política comercial, o documento pode oferecer pistas sobre o posicionamento da autoridade monetária diante da incerteza crescente.
O Banco Central dos EUA manteve os juros inalterados em março, mas indicou a possibilidade de 2 cortes até o fim de 2025, mesmo com a revisão para cima das projeções de inflação. Com a recente escalada nas tarifas, analistas avaliam que o Fed poderá ter que agir mais rapidamente, caso o impacto nos preços e na atividade econômica se agrave.
4. Petróleo
Os contratos de petróleo acentuam as perdas nesta 4ª feira (9.abr), atingindo os menores níveis em mais de 4 anos. O Brent recuou 6%, cotado a US$ 59,04 por barril, enquanto o WTI caía 6,23%, para US$ 55,87.
No início da semana, rumores de que o governo poderia pressionar a Petrobras (BVMF:PETR4) a baixar os preços dos combustíveis, em decorrência da queda dos preços do petróleo, fizeram as ações da companhia recuar.
A forte desvalorização acompanha o temor de retração na demanda global com o agravamento da disputa comercial entre Estados Unidos e China. Desde o anúncio do novo pacote tarifário, o petróleo acumula perdas de cerca de 20% — a maior queda em cinco dias desde março de 2022.
5. Brasil
Na agenda desta 4ª feira (9.abr.2025), os investidores acompanharão o desempenho do setor industrial e do varejo no Brasil no mês de fevereiro, segundo dados do IBGE.
Em janeiro, a produção industrial ficou estável na comparação com dezembro, frustrando as expectativas do mercado, que projetavam avanço de 0,4%. O dado reforçou os sinais de perda de tração da atividade econômica. Na comparação anual, houve crescimento de 1,4%, enquanto o acumulado em 12 meses apontou alta de 2,9%.
No comércio varejista, as vendas recuaram 0,1% na passagem de dezembro para janeiro, contrariando a projeção de alta de 0,2%. Ainda assim, na comparação com janeiro de 2024, o setor registrou expansão de 3,1%, com avanço acumulado de 4,7% em 12 meses.
Os ativos brasileiros encerraram o pregão de ontem sob forte pressão, refletindo o agravamento da guerra comercial entre Estados Unidos e China. O Ibovespa caiu 1,34%, aos 123.909 pontos, no 4 pregão consecutivo de baixa, afetado principalmente pelo desempenho negativo de Vale (BVMF:VALE3) e Petrobras, com os preços do minério de ferro e do petróleo em queda no exterior.
No mercado de juros, as taxas dos DIs avançaram em toda a curva, com destaque para os vencimentos intermediários e longos. O movimento acompanhou a alta firme do dólar ante o real e o avanço dos rendimentos das treasuries, em meio à percepção de que o Fed pode ser forçado a agir diante dos impactos inflacionários e recessivos das tarifas. O cenário externo mais adverso levou investidores a buscar proteção, elevando os prêmios exigidos nos contratos de juros futuros.
O dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,9985, em alta de 1,49%, renovando máximas desde janeiro e acumulando valorização de mais de 5% apenas nos primeiros dias de abril. A confirmação da tarifa de 104% pelos EUA sobre produtos chineses acentuou a aversão ao risco e fortaleceu o dólar frente a moedas de países exportadores de commodities, como o real.
Com informações da Investing Brasil.