Congresso em Foco

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Uma vez, faz tempo, um motorista de ônibus foi flagrado por uma câmera de segurança no momento em que uma garotinha, vendedora de balas, fazia sexo oral nele, em troca de dinheiro. Apesar das imagens da câmera de segurança do ônibus, na hora da prisão ele gritava, indignado, caprichando na pronúncia: “Pissiguição! Pissiguição!”. 

O episódio me veio à mente ao ler ou ouvir toda hora que tudo, mas tudo mesmo que consta na denúncia da Procuradoria Geral da República, respaldada em sólido relatório da Polícia Federal, não passa de… “perseguição”. Que se sofisticou ainda mais, pois conta agora com o apoio da Inteligência Artificial! Isso mesmo. Em entrevista ao Correio Braziliense, a deputada Bia Kicis (PL-DF) afirmou com todas as letras que a denúncia não passa de “perseguição política”. E acrescentou a novidade: “submeteram essa denúncia a um ChaptGPT. E a inteligência artificial foi analisar, está aqui, que tem falhas processuais, como excesso de discurso e falta de objetividade”, entre outras observações. É… Talvez seja o caso de convocar o ChaptGPT como testemunha do processo

Ex-presidente Jair Bolsonaro em viagem a Recife (PE).

Ex-presidente Jair Bolsonaro em viagem a Recife (PE). Rafael Vieira/AGIF/Folhapress

Pois então. Tudo é “pissigção”. E a partir dessa premissa, aquela minuta de golpe encontrada na casa do ex-secretário de segurança Anderson Torres é pura perseguição. E a operação da Polícia Rodoviária, barrando o trânsito de eleitores onde Lula havia tido mais votos que Bolsonaro no primeiro turno é perseguição pura.

E aquela coleção de provas obtidas nos celulares e computadores da corja golpista indicando a trama para assassinar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes? Perseguição, é claro. E aquela viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos no fim de 2022 para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos golpistas do 8 de janeiro de 2023? Perseguição pura, né?

Já a afirmação da Polícia Federal de que Bolsonaro sabia do plano “Punhal Verde e Amarelo”, documento elaborado pelo general da reserva Mário Fernandes, evidentemente que não passa de perseguição. Inclusive a prova de que o mesmo general alterou esse documento no próprio Palácio do Planalto. Mentira pura. Perseguição, é óbvio. Até porque Fernandes imprimiu o arquivo lá mesmo e 40 minutos depois foi… aonde? Ao Palácio da Alvorada! A propósito: quem morava lá, na época? Lula? Não. Era um tal de Jair Bolsonaro, que obviamente estava sendo… perseguido! O próprio Bolsonaro estava no Palácio do Planalto, já no mês seguinte, quando Fernandes imprimiu novamente o documento. Mas Bolsonaro, o perseguido, não viu nada, não é mesmo?

O procurador-Geral da República Paulo Gonet cita um diálogo entre Fernandes e Mauro Cid, na qual o general relata que conversou sobre a trama com Bolsonaro. Foi de Fernandes a afirmação, em áudio enviado a Mauro Cid e recolhido pela PF: “Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo”. Mas, como já foi dito e redito, tudo não passa de um

plano para incriminar Bolsonaro, este mito que vem sofrendo, coitado, uma avalanche de perseguições.

O relato e as gozações acima são apenas para enfatizar o quanto é possível exercitar a máxima de Goebells segundo a qual uma mentira repetida mil vezes vira verdade. Sem provas que desmintam as que foram acolhidas na denúncia da PGR, os bolsonaristas se apegam a relatos em sentido contrário, que cuidam em espalhar massivamente pelas redes sociais, com ajuda de algoritmos treinados pra isso. E não se envergonham de cair no ridículo, tal como aconteceu com o relatório paralelo da CPI do 8 de janeiro, quando os bolsonaristas acusaram…a esquerda! Sim, a esquerda, de ser a responsável pelos atos criminosos, citando nominalmente Lula e Flávio Dino. Bolsonaro e os bolsonaristas? Uns infelizes que não param de ser perseguidos dia e noite. Pissigção! Pissigção!

Pra finalizar em clima de gozação, já que estamos em pleno carnaval, como se diz lá em Minas:

– Tem base um trem desse?

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