Exportação de café sofre com entraves nos portos brasileiros

Exportação de café sofre com entraves nos portos brasileiros


Diretor técnico do Cecafé cobra investimentos para evitar colapso logístico e estima prejuízo de mais de R$ 57 milhões

A infraestrutura portuária do Brasil não tem acompanhado o ritmo crescente das exportações de café, expondo gargalos logísticos que impactam diretamente o setor. Em 2024, o país embarcou um volume recorde de 50,5 milhões de sacas, mas os entraves logísticos resultaram em atrasos e custos adicionais para os exportadores.

“Se não houver celeridade nos projetos, os problemas persistirão”, disse Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), em entrevista ao Poder360.

Segundo Heron, até dezembro de 2024, cerca de 1,8 milhão de sacas de café estavam paradas nos portos aguardando embarque, o equivalente a 5.300 contêineres retidos. Essa demora gerou um prejuízo acumulado de R$ 57 milhões ao setor exportador apenas nos últimos 8 meses.

“O Brasil está perdendo eficiência e competitividade. O setor agropecuário tem batido recordes de exportação, mas os investimentos em infraestrutura não acompanham esse crescimento”, afirmou.

Os principais problemas são a falta de estrutura nos portos e a pouca disponibilidade de horários para embarque, o que leva os exportadores a pagar mais por armazenamento e taxas extras.

De acordo com Heron, o Porto de Santos, principal corredor logístico do café brasileiro, precisa urgentemente de ampliação e modernização para atender a demanda crescente.

“Projetos como a concessão do STS-10 [terminal de contêineres] e a ampliação do canal de acesso são fundamentais, mas estão andando a passos lentos”, disse.

Assista (29min48s):

A situação se agrava com a proximidade da nova safra, que deve aumentar ainda mais o volume de café a ser exportado.

Para Heron, o 1º semestre de 2025 pode passar a falsa impressão de normalização devido ao menor volume de embarques no período de entressafra, mas os problemas estruturais devem se intensificar no segundo semestre.

“A partir de julho, quando a safra entra no pico, a pressão sobre os portos será ainda maior. Se nada for feito agora, podemos enfrentar novos colapsos logísticos”, alertou.

Além da infraestrutura portuária, os problemas logísticos se estendem às rodovias e ferrovias, que também carecem de investimentos para garantir um escoamento mais eficiente.

Atualmente, cerca de 15 mil a 20 mil caminhões circulam diariamente em direção ao Porto de Santos, evidenciando a necessidade de alternativas como o modal ferroviário e hidroviário para reduzir a pressão sobre o sistema rodoviário.

“O Brasil tem um potencial gigantesco na cafeicultura, mas os gargalos logísticos precisam ser resolvidos para que o país mantenha sua liderança global”, disse.





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