Cerca de 250 raias Ticonha são encontradas mortas no litoral paulista

Cerca de 250 raias Ticonha são encontradas mortas no litoral paulista


Cerca de 250 raias da espécie Ticonha foram encontradas mortas nesta terça-feira (25) nas praias do Itararé e Ilha Porchat, em São Vicente, na Baixada Santista. Entre os animais havia machos e fêmeas jovens, adultos, filhotes, recém-nascidos. Ameaçada de extinção, a espécie costuma se aproximar da costa do litoral de São Paulo em cardumes de até mil indivíduos para se alimentar de conchas e mariscos durante o verão.

De acordo com o professor e biólogo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Otto Bismarck Gadig a suspeita é a de que os animais tenham sido vítimas de pesca de arrasto ou de rede.

“As raias que nós encontramos ontem foram mortas à noite por rede de arrasto de praia, mas não sabemos que rede, porque normalmente os pescadores soltam as raias. A maioria deles, senão todos, soltam porque a pesca não é para elas. Quando eles veem que tem raia na rede, fazem um mutirão e vão soltando”, explica.

Bismark afirmou que não é possível dizer ao certo o que ocorreu e se essas raias foram soltas tardiamente, porque não se sabe quem foi o pescador. Entretanto, vídeos que o biólogo tem recebido apontam suspeitos. “Isso precisa de uma investigação, mas o que sabemos basicamente é que elas morreram nas redes. Isso já aconteceu e vai continuar acontecendo, infelizmente”, lamentou.

Mesmo que não tenha sido intencional, matar uma grande quantidade de animais em extinção é crime e um grande problema do ponto de vista ambiental e de conservação.

“Você eliminar tubarão e raia causa prejuízos para o ambiente marinho, além disso é uma espécie em declínio. Eu levei para o meu laboratório 132 e hoje de manhã cedo a coleta de lixo levou pelo menos 100 para o aterro e deve ter outras mortas por ali. É uma quantidade muito grande”.

O biólogo destaca que os pescadores têm total conhecimento do risco de extinção da Ticonha e por isso a situação causa estranheza e deve ser investigada com cuidado.

“O método para soltar as raias é relativamente eficiente, eles já fazem isso há um tempo e você não encontra raia morta. Os casos nos quais a gente encontrou raias mortas, exceto esse de ontem, que a gente nem conseguiu ainda trabalhar com as raias, foram claramente pescas que os pescadores não tiveram preocupação em soltar, como em Peruíbe, dois anos atrás”, disse.

Investigação

Por meio de nota, a prefeitura de São Vicente informou que solicitou apoio do Instituto Gremar, responsável pela proteção do ambiente marinho e de animais silvestres, na contagem e identificação dos animais. Posteriormente, foi efetuado o recolhimento para correta destinação. A Secretaria de Meio Ambiente (Semam) ressaltou que iniciou o monitoramento do caso através de um processo de investigação e apuração das possíveis causas e justificativas.

Segundo as informações, o prefeito Kayo Amado fez um apelo por mais apoio da Marinha para a realização de ações noturnas, uma vez que, entre as suspeitas, está a de que as mortes das raias possam ter sido causadas pela chamada “pesca de arrasto”, que é proibida na região. “Ocorrências como essa, que matou dezenas de raias são inadmissíveis. A nossa Secretaria de Meio Ambiente já iniciou o processo de investigação, causas e consequências da situação”, afirmou o prefeito.



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