Autarquia investiga responsabilidades do dono da Coteminas e de outros 2 diretores ao retirar registro da Springs Global por não prestar informações ao colegiado
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) investiga o empresário Josué Gomes da Silva em processo para apurar as responsabilidades na suspensão de registro da Springs Global. O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) é diretor-presidente e diretor de Relações com Investidores da companhia de setor têxtil, que mantém operações no Brasil e na Argentina.
Josué Gomes aparece como um dos acusados no processo, cuja abertura se deu em 31 de janeiro de 2025. Nesta 2ª feira (24.fev.2025), a Gerência de Controle de Processos Sancionadores da CVM pediu sua convocação para prestar esclarecimentos.
Além de Josué, a comissão também lista como acusados:
- Barbara Gomes da Silva – diretora de Assuntos Corporativos e diretora financeira; e
- Pedro Garcia Bastos Neto – diretor e vice-presidente da Coteminas, que controla a Springs Global.
O grupo Coteminas é comandado por Josué Gomes e está em recuperação judicial.
Em 16 de agosto, a CVM informou que suspendeu o registro das duas empresas. Na prática, a medida impediu que essas companhias tenham valores mobiliários que estivessem admitidas à negociação em Bolsas ou balcão.
De acordo com a autarquia, houve descumprimento da obrigação de prestar informações à comissão.
“A área técnica alerta que, enquanto os registros estiverem suspensos, as companhias não podem ter os valores mobiliários, por elas emitidos, admitidos à negociação em mercados regulamentados, quais sejam: balcão organizado, bolsa ou balcão não organizado”, declara a CVM.
OUTRO LADO
Em comunicado ao mercado na noite desta 2ª feira (24.fev), a Springs Global disse ser “sabedora de suas obrigações regulamentares” e que se pronunciou em algumas ocasiões sobre o atraso ao repassar informações à CVM. Declarou que está “comprometida em regularizar a apresentação dos devidos documentos”.
A Springs Global afirmou esperar que a CVM leve em conta a entrega de informações que devem ser feitas nas próximas semanas. Eis a íntegra:
“COMUNICADO AO MERCADO
“Belo Horizonte – MG, 24 de fevereiro de 2025
“A Springs Global Participações S.A., em Recuperação Judicial (SGPS3), vem comunicar ao Mercado e aos seus acionistas que, sabedora de suas obrigações regulamentares, já se pronunciou sobre o atraso na entrega das informações obrigatórias em 31 de maio de 2024, em 20 de agosto de 2024 e em 27 de janeiro de 2025, deixando claro que está comprometida em regularizar a apresentação dos devidos documentos.
“A Companhia já apresentou todas as demonstrações financeiras do exercício de 2023 e estará apresentando nos próximos 10 (dez) dias os demonstrativos do 1T de 2024.
“A Companhia continua trabalhando para eliminar os atrasos das demonstrações financeiras, sendo certo que deverá nas próximas semanas entregar as Informações Trimestrais do segundo e terceiro trimestre de 2024, confiando, assim, que em breve estará com todas as informações disponibilizadas, como sempre foi o histórico da Companhia. E espera que tal procedimento será devidamente levado em consideração pela CVM.”
O Poder360 entrou em contato por e-mail com a Springs Global para obter uma posição sobre o processo e a acusação da CVM aos 3 diretores. Também procurou Josué Gomes por meio da assessoria da Fiesp, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
SOBRE A CVM
Criada em 7 de dezembro de 1976, a CVM é responsável por fiscalizar, estabelecer normas e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil. A autarquia é vinculada ao Ministério da Fazenda.