Para entender melhor as graves complicações de saúde enfrentadas por Lexa, o portal LeoDias conversou com a Dra. Janifer Trizi, ginecologista e obstetra, que esclareceu tudo sobre a pré-eclâmpsia precoce e a síndrome de Hellp
Quinze dias após a perda de sua filha Sofia, a cantora Lexa compartilhou em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, exibida neste domingo (23/2), os detalhes da difícil batalha que enfrentou durante os últimos dias de sua gestação, em decorrência de uma pré-eclâmpsia precoce agravada pela síndrome de HELLP, condições que levaram ao parto prematuro da bebê, que não resistiu, falecendo três dias após o parto, no dia 5 de fevereiro.
Lexa, que estava grávida de seis meses, passou 17 dias internada em estado grave, lutando por sua vida e pela vida da filha. Para entender melhor as graves complicações de saúde enfrentadas pela artista, o portal LeoDias conversou com a Dra. Janifer Trizi, ginecologista e obstetra, que esclareceu tudo sobre a pré-eclâmpsia precoce e a síndrome de Hellp.
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“Pré-eclâmpsia precoce é uma complicação da gravidez que pode ocorrer antes das 37 semanas de gestação. Trata-se de uma doença que se caracteriza por pressão arterial elevada e proteinúria, ou seja, presença de proteína na urina. Ela se manifesta com dor de cabeça, inchaço, náuseas, vômitos, dificuldade respiratória e pressão arterial elevada; mas algumas são assintomáticas”, explicou a médica.
“A síndrome de Hellp é a forma grave da pré-eclâmpsia, que acontece com a elevação das enzimas hepáticas e baixa contagem de plaquetas. Ela pode apresentar sintomas variados que vão além da pressão arterial elevada que já falamos. Em casos mais graves, ela pode causar inchaço do rosto e mãos, dor abdominal, dificuldade de respirar, alterações de visão, dentre outros problemas”, completou.
Questionada sobre quais sinais e sintomas devem ser observados para identificar essas complicações a tempo, Dra. Janifer Trizi explicou: “Sempre orientamos as gestantes e também no pós parto, o alerta em relação a escotomas (“luzinhas” na frente da visão), epigastralgia (dores de estômago), dores de cabeça principalmente occipitais – perto do pescoço, inchaços importantes em olhos, pois normalmente as pernas já estão inchadas, e ficar de olho principalmente na pressão arterial”.
Segundo a especialista, para o diagnóstico é necessário a realização de alguns exames e avaliações médicas.
“Exames de sangue para avaliar perda de proteínas na urina e proteinúria de 24 horas na urina. No sangue ainda avaliamos a queda de plaquetas, alteração de enzimas hepáticas – TGO e TGP, Creatinina, PAPP-A (proteína A da gravidez), além de fazer controle pressórico – aferir a pressão com frequência, principalmente na presença de sinais e sintomas suspeitos de pressão alta na gestação”, contou.
Após diagnosticada a pré-eclâmpsia, a gestante é internada para que seja feito o controle rigoroso da pressão arterial da mãe e a vitalidade fetal do bebê.
“Na internação então é feito o controle rigoroso da pressão da mãe, exames de cardiotocografia e ultrassom obstétrico com doppler no feto – exames de vitalidade fetal, exames de sangue e urina para avaliação de gravidade na mãe; normalmente administrado betametasona para amadurecer o pulmão do feto, administrado antihipertensivos e normalmente entramos com anticoagulante – clexane ou AAS para “afinar” o sangue e chegar mais sangue – nutrição para o feto”, esclareceu.
“O Clexane – enoxaparina sódica – é ministrado no intuito de “afinar” o sangue para chegar um aporte maior para a placenta e o sulfato de magnésio para neuroproteção materna e fetal, além de ser anticonvulsivante no caso da iminência de eclâmpsia”, completou.
Ainda em entrevista ao portal LeoDias, a médica explicou como é tomada a decisão de que é hora de realizar o parto prematuro.
“A decisão do parto se baseia na preservação da vida materna, que é prioridade, se em algum momento corremos o risco de morte da mãe, fazemos o parto de emergência. Se ainda não houver risco para a mãe, analisamos então a vitalidade materna e se houver risco maior dentro do útero do que fora para o feto, também realizamos o parto de urgência”, explicou.
“A avaliação fetal é importantíssima e é feita através de ultrassom obstétrico com doppler colorido – para avaliar a circulação materna e fetal, quanto ao aporte de sangue que a placenta está recebendo para nutrir o bebê; pois na vigência da pressão alta, normalmente a placenta está “doente” com trombofilia – vasos inflamados- pela doença materna, e começa a pedir mais sangue, e para vencer essa “resistência”, começa a subir a pressão da mãe para tentar chegar sangue para o bebê. Portanto, é no ultrassom com doppler que vemos o risco iminente de sofrimento fetal aguda e risco de morte, através da centralização fetal no ultrassom, ou seja, só vai sangue para o cérebro e coração do bebê para que ele sobreviva com o mínimo de sangue possível. Nesse caso, é que realizamos o Celestone Soluspan betametasona para “amadurecer” o pulmão do bebê e torna a chance de viabilidade fora do útero possível”, completou.
De acordo com a profissional, qualquer gestante está sujeita a ter pré-eclâmpsia, no entanto a condição está mais ligada a pacientes que já apresentam quadros de trombofilia, doença hematológica e problemas de coagulação. Questionada se é possível evitar a pré-eclâmpsia, a médica esclareceu:
“Na pré-concepção fazemos um pedido de exames para pesquisa de trombofilia e se presente, passamos a prescrever Clexane diário durante toda a gestação e mantido após 30 a 40 dias pós parto”, finalizou.