Representante do partido da ex-chanceler Angela Merkel, o candidato pretende reduzir impostos para trabalhadores e oferecer ajuda aos ucranianos
Eleitores alemães vão às urnas neste domingo (23.fev.2025) para escolher o novo chanceler do país. O conservador Friedrich Merz, do CDU/CSU, grupo de centro-direita formado pela União Democrata Cristã –partido da ex-chanceler Angela Merkel (2005-2021)– e pela União Social-Cristã (braço da sigla no Estado da Bavaria), aparece como favorito nas últimas pesquisas de intenção de voto.
Friedrich Merz, de 69 anos, é formado em Direito e Ciência Política nas cidades de Bonn e Marburg. Entrou na CDU em 1972, ainda no período escolar, e se tornou presidente da União Jovem da CDU anos depois.
Merz começou a carreira na política em 1989, quando foi eleito deputado pelo Parlamento Europeu. Trabalhou para a região da Vestfália do Sudoeste como integrante do Parlamento em Bruxelas e Estrasburgo durante 5 anos. Depois, integrou o Bundestag (Parlamento alemão) de 1994 e 2009.
Em 2000, foi eleito presidente do grupo CDU/CSU pela 1ª vez. Advogado por formação, Merz trabalhou como juiz e depois se tornou advogado sênior no escritório de Düsseldorf da Mayer Brown até o final de 2021, quando assumiu a presidência da CDU.
Também ocupou altos cargos em empresas como BlackRock Germany e HSBC Trinkaus & Burkhardt, além de participar dos conselhos da EY Germany, Borussia Dortmund e Deutsche Börse.
PLANO DE GOVERNO
Friedrich Merz defende a redução de renda para trabalhadores, assim como impostos e contribuições mais baixos para assegurar salários mais altos, empregos, crescimento econômico e melhorias em programas sociais. O candidato também propõe o aumento do subsídio de transporte e o pagamento de horas extras para empregos de tempo integral.
A Alemanha é um país com impostos altos para as empresas, como o Körperschaftsteuer, imposto de renda corporativa cobrado a todas as empresas nacionais e estrangeiras com sede no país. A proposta de Merz para a economia é uma taxa de imposto corporativa de no máximo 25% sobre os lucros retidos, a simplificação de leis tributárias e o apoio ao livre comércio.
Em relação à proteção climática e ambiental, o plano de governo de Merz pretende implementar o comércio de emissões, utilizar recursos de formas sustentáveis e proteger o meio ambiente com foco em assegurar a qualidade da água potável, água mineral, água medicinal e recursos hídricos subterrâneos, principalmente em regiões afetadas pela seca.
O líder da CDU também apresenta propostas para a produção agrícola do país, como a regulamentação de novas tecnologias, o uso de pesticidas químico-sintéticos e o gerenciamento da floresta de forma sustentável.
O investimento na segurança interna da Alemanha é outro ponto do plano de Merz. Ele planeja manter os gastos com defesa em 2% do PIB (Produto Interno Bruto), como oriente a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Se vencer o pleito, Merz pretende renovar as Forças Armadas e reforçar o apoio à Ucrânia, como disse no debate de 17 de fevereiro. Segundo ele, a Alemanha “está do lado do povo ucraniano”.
Outras sugestões do candidato incluem a remoção da reunificação familiar para pessoas com proteção subsidiária, deportações de imigrantes, revogação de passaportes para alemães naturalizados condenados por crimes e redução de programas de asilo.
RELAÇÃO COM ISRAEL
Merz e a CDU apoiam com a ajuda militar da Alemanha a Israel em meio à guerra em Gaza e defendem a criação de 2 Estados como meta de longo prazo. Durante debate com o chanceler Olaf Scholz, Merz ainda criticou o plano do presidente norte-americano Donald Trump (Republicano) de reassentar os palestinos da Faixa de Gaza e transformar a faixa costeira em uma “Riviera do Oriente Médio”.
O Estado alemão apoia as tentativas de paz no Oriente Médio e defende uma solução de 2 Estados, além de ser o maior parceiro econômico de Israel na União Europeia. Em conjunto com a economia, os países têm trocas na área científica. O DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico) concede bolsas que permitem estudantes israelenses conduzirem pesquisas na Alemanha.
As relações entre Alemanha e Israel começaram em 1965, conduzidas pelo sentimento de responsabilidade do Estado alemão sobre o genocídio de milhões de judeus durante o regime nazista. Desde essa época, a Alemanha se tornou uma defensora do direito de Israel de existir.
Até 2022, a Alemanha pagava cerca de 1,44 bilhão de euros por ano para Israel. Essas despesas são reparações alemãs e custos de pensão para as vítimas da perseguição nazista.
Pesquisas
Segundo o agregador de pesquisas da Reuters, atualizado no sábado (22.fev), o partido de Fridrich Merz, o grupo CDU/CSU (União Democrata Cristã, centro-direita) é o favorito no pleito. Tem 29,4% das intenções de voto, ante 20,4% da AfD (Alternativa para a Alemanha, direita), liderada por Alice Weidel. O SDP (Partido Social Democrata, centro-esquerda) do atual premiê Olaf Scholz e os Verdes (centro-esquerda), de Robert Habeck, aparecem com 15,4% e 13,0%, respectivamente.
Esta reportagem foi produzida pelas trainees do Poder360 Mylla Marcolino e Juliana Berlinck sob supervisão do editor Ighor Nóbrega.