Lira mostra força e Motta é eleito presidente da Câmara

Lira mostra força e Motta é eleito presidente da Câmara


Deputado recebeu 444 votos e comandará a Casa por 2 anos; com 35 anos, é o mais jovem presidente da Casa desde a redemocratização

O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), 35 anos, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados neste sábado (1º.fev.2025) com 444 votos. Sua eleição representa também uma vitória de Arthur Lira (PP-AL), que deixa o comando da Casa com seu candidato como sucessor.

Motta é o presidente mais jovem da Câmara desde a redemocratização do Brasil.

Motta, que comandará a Casa até 2027, foi eleito com o apoio de 18 partidos. Só o Novo e o Psol não se aliaram ao congressista. Os partidos lançaram Marcel van Hattem (Novo-RS) e Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ), respectivamente.

Van Hattem conseguiu 31 votos, e Vieira, 22.

RUMO À PRESIDÊNCIA DA CÂMARA 

Chamado pelos líderes partidários de um nome de “convergência”, Motta é um típico representante do chamado Centrão. Alcançou o favoritismo, do PT ao PL, com negociações que incluíram a oferta de cargos na Mesa Diretora. 

A vitória com larga diferença de Motta se deve às suas articulações, mas também à força que Lira criou à frente da Câmara. Ele estava no cargo desde 2021.

Lira atuou para construir quase um consenso pela candidatura de Motta. A estrutura partidária da mesa até se mantém a mesma do biênio anterior.

Até meados de agosto de 2024, 3 nomes estavam no páreo:

Em setembro, Marcos Pereira abriu mão da disputa para dar lugar a Motta. A candidatura era uma alternativa mais viável para Lira, que buscava um nome de maior consenso.

Em 29 de outubro, Lira anunciou oficialmente seu apoio a Motta na disputa. A partir disso, diversos partidos passaram a endossar a candidatura. 

Foi só em 13 de novembro que Elmar e Brito perderam o cabo de guerra. Ao lado dos presidentes de seus respectivos partidos, Antonio de Rueda e Kassab, os congressistas anunciaram as desistências da eleição. 

DESAFIOS DE MOTTA

Motta herda de Lira impasses como a anistia aos condenados do 8 de Janeiro. Além de perdoar os responsáveis pelos ataques às sedes dos Três Poderes, o projeto de lei restaura os direitos políticos dos cidadãos declarados inelegíveis.

O principal beneficiado pela aprovação seria o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde 30 de junho de 2023. 

A direita apoiou Motta na expectativa de que o projeto entre em pauta. A esquerda, por outro lado, conta com o presidente para arquivar o texto.

Outro desafio que envolve o embate entre esquerda e direita é o projeto de lei que restringe o aborto legal. O projeto equipara o aborto de gestação acima de 22 semanas ao homicídio e tem amplo apoio de congressistas defensores da pauta de costumes.

Projetos do governo também ficaram para a sua gestão. Entre eles, a regulamentação das plataformas digitais, isenção do IR (Imposto de Renda) para pessoas que recebem menos de R$ 5.000 por mês, a PEC da Segurança Pública e as que mexem nas carreiras dos militares e dos motoristas de aplicativo.

Além dos projetos, ficará para Motta o impasse relacionado às emendas parlamentares. 

Em dezembro de 2024, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino suspendeu o pagamento de R$ 4,2 bilhões em transferências propostas pelos deputados federais.

O Congresso Nacional aprovou o PLP (projeto de lei complementar) 175 de 2024, que muda o sistema de transparência das emendas impositivas, na expectativa de que seja suficiente para o desbloqueio pelo STF. 

Há na Câmara uma desconfiança de que o Planalto é favorável ao bloqueio porque a medida abre mais espaço no orçamento da União para investimento em outras áreas. Lula teria tentando demonstrar a Motta que o governo está empenhado em ajudar a resolver o impasse. 

QUEM É HUGO MOTTA

Hugo Motta nasceu em João Pessoa, capital da Paraíba. É formado em medicina pela Faculdade Nova Esperança e pela Universidade Católica de Brasília. Se elegeu deputado federal em 2010, quando tinha 21 anos, e está no 4º mandato consecutivo na Casa Baixa.

De família de políticos, seu pai, Nabor Wanderley (Republicanos) é prefeito de Patos, na Paraíba, a 4ª maior cidade do Estado e seu principal reduto eleitoral. Sua avó materna, Francisca Motta (Republicanos), também foi prefeita do município e está no 5º mandato como deputada estadual.

Desde então, ele atuou em momentos importantes da Câmara dos Deputados, como na aprovação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. Motta também votou a favor da PEC do teto de gastos e à reforma trabalhista.

O congressista era aliado do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (Republicanos-RJ).





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