CNI afirma que a decisão é “injustificada” e a Firjan alerta para “desaceleração da produção; CUT fala em “frustração”com Galípolo
Entidades criticaram o aumento de 1 ponto percentual na Selic, anunciada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) nesta 4ª feira (29.jan.2025). A taxa básica de juros foi reajustada para 13,25% ao ano, em decisão unânime.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) disse que a decisão é injustificada e criticou a postura do BC (Banco Central) por “persistir” na elevação de juros como a “única ferramenta de política monetária” no “enfrentamento de expectativas de inflação“. Eis a íntegra da manifestação (PDF – 257 kB).
Ricardo Alban, presidente da CNI, disse que “o Banco Central mostra que continua ponderando equivocadamente os fatos econômicos mais relevantes do cenário atual, principalmente no que diz respeito ao quadro fiscal e à desaceleração da atividade do país“.
“A decisão não leva em conta os efeitos da aprovação do pacote fiscal, que ainda deve ser ampliado este ano, segundo declarações do governo federal, e a forte desaceleração do impulso fiscal, observada desde o segundo semestre de 2024 e que seguirá em 2025. Afinal, as despesas federais devem apresentar um crescimento real de 2,3% este ano, em comparação com um crescimento próximo a 4% em 2024, de acordo com as projeções da CNI“, declarou.
A Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) disse, em nota (leia mais embaixo), que a medida irá desacelerar a produção nacional e limitar a incidência de investimentos no setor.
“A alta dos juros não apenas compromete o desenvolvimento sustentável de setores estratégicos, mas também restringe os investimentos necessários para impulsionar a produtividade”, disse.
A entidade industrial defendeu ainda uma reforma fiscal “crível e estruturada”, que “alivie o alto comprometimento com despesas obrigatórias e abra espaço para investimentos”.
Essa foi a 1ª deliberação da autoridade monetária desde que Gabriel Galípolo assumiu a presidência do Banco Central– indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além do setor industrial, centrais sindicais também criticaram a alta na taxa básica de juros.
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) disse, em nota, que a alta na Selic irá aumentar as despesas do governo com a dívida pública. Afirmou também que recebe a notícia com “frustração” e que esperava que sob o comando de Gabriel Galípolo houvesse uma “reversão” no aumento da Selic.
“Era grande nossa esperança de que a designação de Galípolo para o BC pusesse um fim aos aumentos da taxa básica de juros. Este novo aumento da taxa Selic vai aumentar as despesas do governo com os juros da dívida, vai consumir as economias do pacote fiscal e novas pressões por mais reformas vão ganhar força este ano”, disse em nota. Eis a íntegra (PDF – 125 kB).
Eis a nota da Firjan:
“A Firjan considera que o novo aumento da taxa básica de juros, de 12,25% para 13,25% ao ano, vai intensificar o processo de desaceleração da indústria nacional. Recentemente, a produção industrial teve duas quedas consecutivas e está 15% abaixo do nível máximo da série histórica, alcançado em 2011. Essas informações são corroboradas pela quarta queda seguida no Índice de Confiança do Empresário Industrial, que iniciou 2025 apontando pessimismo. A alta dos juros não apenas compromete o desenvolvimento sustentável de setores estratégicos, mas também restringe os investimentos necessários para impulsionar a produtividade.
‘Em um cenário global marcado por incertezas, torna-se essencial reduzir vulnerabilidades domésticas e elevar a produtividade. Para isso, é indispensável uma reforma fiscal crível e estruturada que alivie o alto comprometimento com despesas obrigatórias e abra espaço para investimentos. Sem isso, o dólar continuará pressionado, as expectativas de inflação permanecerão altas e os juros seguirão elevados. Isso prolongará a perda de confiança do setor produtivo e restringirá investimentos em inovação, infraestrutura e tecnologia, pilares essenciais para o crescimento econômico sustentável”.