Candidatura do Novo promete pautar a Anistia a 5 dias da eleição para a Mesa Diretora; apoiadores envergonhados incluem bolsonaristas
A candidatura do deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) à presidência da Câmara, anunciada na 2ª feira (27.jan.2025), busca angariar o apoio de deputados dissidentes de bancadas que já declaram apoio a Hugo Motta (Republicanos-PB). O tema central é a incerteza quanto à disposição do candidato de Arthur Lira (PP-AL) em tramitar pautas de interesse da oposição.
O Poder360 apurou que nomes próximos aos congressista gaúcho tem procurado o apoio de vice-líderes da oposição e da minoria da Casa Baixa. O Novo tem uma bancada enxuta, de 4 deputados federais, mas conta com um bom trânsito com partidos com bancadas mais robustas, como o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Van Hattem já recebeu, inclusive, o apoio velado de congressistas aliados de Bolsonaro. Nos próximos dias, o deputado gaúcho deve ampliar a procura por votos de aliados. Porém, apesar da movimentação, a vitória de Motta é dada como certa e “sem surpresas” entre os deputados.
Motta tem o apoio declarado de 18 partidos, em uma articulação de Lira que uniu o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o PL de Bolsonaro. Mas, como o voto é secreto e individual, o apoio das siglas não garante adesão automática. São necessários 257 votos para ser eleito no 1º turno.
AGENDA CONSERVADORA
A candidatura de van Hattem à presidência da Casa Baixa foi anunciada como uma “opção para a oposição”, com promessas de pautar temas como a reforma administrativa e o PL da anistia. Esse último, central para a oposição, foi a condição para que o PL embarcasse na candidatura do indicado por Lira. Trata do perdão aos presos pelo 8 de Janeiro.
Para evitar desgastes com a ala governista, Lira tirou o projeto da tramitação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e autorizou a criação de uma comissão especial–ainda não instalada– para tratar do tema. A movimentação foi uma estratégia para abrir o caminho para Motta e atrasar uma definição. À época, deputados da oposição fizeram críticas ao presidente da Câmara.
Apesar disso, Bolsonaro manteve o endosso ao nome escolhido por Lira, afirmando que falou pessoalmente com Motta a respeito do perdão aos presos. O ex-presidente entende que a estratégia de lançar um candidato próprio, como foi com Rogério Marinho (PL-RN) ao Senado em 2023, arrisca deixar o PL de fora das negociações da Mesa Diretora e sem o controle da agenda do Congresso, mesmo com a maior bancada (93 deputados).
Na 2ª feira, a bancada de São Paulo organizou um jantar com o deputado paraibano. Entre os convidados, estava o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
“Não há clareza sobre quais propostas da oposição serão de fato implementadas por Hugo Motta se, de fato, for eleito. E quando alguém tem apoio do PT eu tenho automaticamente o pé atrás”, disse Marcel van Hattem no lançamento da candidatura.