Deputado afirma que partidos da base aliada não têm plano B para a próxima eleição presidencial; assumirá como líder do PT na Câmara a partir de fevereiro
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), de 55 anos, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) é o único nome realmente competitivo da esquerda para vencer as eleições presidenciais de 2026. Para o congressista, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), está se preparando para entrar na próxima disputa caso o petista desista.
O deputado afirmou que, caso o petista decida não se candidatar à reeleição, o governo terá muita dificuldade para manter a base aliada coesa em torno de um sucessor. Disse que partidos de centro, como o PSD, União Brasil e MDB, tendem a migrar para candidaturas de centro-direita ou direita.
“Se Lula não for candidato, essa é a hipótese que a gente não quer discutir de jeito nenhum. É muito difícil, num cenário como esse, segurar uma aliança consistente e ganhar a eleição”, disse em entrevista ao Poder360.
Lula terá 80 anos durante a campanha eleitoral de 2026 e 81, caso vença o pleito. Nos últimos 2 anos, problemas de saúde atrapalharam a rotina do presidente e o impediram de viajar para cúpulas internacionais. Questionado sobre se o petista terá condições de ser candidato por causa da idade, Lindbergh disse que Lula estará “inteiro”.
“Lula tem uma saúde muito boa, é de uma lucidez, de uma inteligência que me impressiona. Disposição impressionante, faz ginástica cedo agora que está se recuperando. Então, ele vai estar inteiro ali”, disse.
Assista à entrevista (56m29seg):
Para Lindbergh, Tarcísio poderá ser candidato à Presidência em 2026 caso Lula desista do pleito. Se o petista disputar a presidência, o governador de São Paulo deve adiar seu plano para 2030 e disputar um novo mandato ao governo do Estado. Tarcísio é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível.
“A minha avaliação, infelizmente, é que o cenário fica muito difícil. A gente vai perder uma base e o cenário é o Tarcísio candidato. E com o Tarcísio candidato não vão ter muitas candidaturas [de direita], tá? Se Lula não for candidato, será muito difícil para a gente porque a direita está se organizando. E a gente sabe que, se Lula não for candidato, o que vai acontecer é que vai ter uma debandada de partidos que usou a base do governo por uma operação com Tarcísio. Então, eu acho que a grande disputa é Lula e Tarcísio”, disse.
Segundo o Poder360 apurou, Lula disse na reunião ministerial de 2ª feira (20.jan.2025) que pode não concorrer à reeleição em 2026. Os ministros presentes ao encontro, porém, entenderam a fala como um recurso de retórica e que o petista será sim candidato no ano que vem.
No discurso de abertura do encontro, Lula disse querer eleger um governo em 2026 para que o Brasil “siga com a democracia”, sem a volta do “neonazismo”. Disse, na ocasião, que é preciso deixar essa vontade em “alto e bom som” para não “entregar” o país “de volta ao neofascismo, ao neonazismo e ao autoritarismo”, em referência ao governo de Bolsonaro.
Leia mais:
Para Lindbergh, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Educação, Camilo Santana, são os principais nomes considerados pelo PT para suceder Lula na Presidência.
“Mas isso tem que ser para 2030. Ou Camilo, ou Haddad, ou os nomes que surgirem. Porque 2026 tem que ser o Lula. Não tem plano B. A gente sabe que para ganhar essa eleição, tem que ser o Lula”, disse.
Lindbergh disse ainda que a direita tem um problema com o possível julgamento que Bolsonaro deverá enfrentar no STF (Supremo Tribunal Federal). O ex-presidente, o ex-ministro da Defesa e general Braga Netto e outras 37 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal em novembro por golpe de Estado, por abolição violenta do Estado democrático de Direito e por integrar organização criminosa. Bolsonaro já havia sido indiciado por organização criminosa nos inquéritos das joias e da fraude do cartão de vacina da covid-19.
“Bolsonaro será julgado e vai ser preso. Não tem jeito. Eu li todos os relatórios da Polícia Federal. São provas e mais provas. Ele será condenado por golpe de Estado, mas será condenado também pelo roubo das joias. E é um tipo de coisa que vai ter um impacto grande na sociedade. O julgamento do Supremo será transmitido”, disse.
Lindbergh afirmou que o possível julgamento terá repercussão no cenário eleitoral de 2026 e pode chegar a respingar em Tarcísio.