Dentre os 10 deputados com interações em posts sobre o tema, só 2 são governistas; dentre os senadores, apenas 1
Os congressistas aliados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falaram mais sobre a mudança na regra da fiscalização do Pix nas redes sociais, mas deputados e senadores da oposição tiveram mais engajamento em suas publicações. É o que mostra o levantamento da Torabit, que analisou os perfis oficiais dos congressistas de 1º a 15 de janeiro.
Ao todo, foram monitoradas 815 publicações de integrantes da Câmara e 135 posts de nomes do Senado.
O debate foi dominado por representantes do PT, que saíram em defesa da medida, e do PL, que criticaram a decisão da Receita Federal. Os 2 partidos concentram mais da metade das postagens.
CÂMARA
Os governistas falaram mais sobre a fiscalização de transações financeiras acima de R$ 5.000 para pessoas físicas. Só o PT fez 296 das 815 publicações.
No entanto, quando analisado o engajamento, a direita ficou na frente. Dos 10 perfis com mais interações, 8 são da oposição: Nikolas Ferreira (PL-MG), Carla Zambelli (PL-SP), Gustavo Gayer (PL-GO), Marcel van Hattem (Novo-RS), Bia Kicis (PL-DF), Luiz Philippe Orleans e Bragança (PL-SP), Julia Zanatta (PL-SC) e Maurício Souza (PL-MG).
Liderando a lista, Nikolas Ferreira publicou um vídeo em 13 de janeiro criticando a medida e afirmando que o governo queria tratar os trabalhadores informais como “grandes sonegadores”. A gravação superou 300 milhões de visualizações no Instagram.
Dentre os governistas, só 2 nomes completam o top 10: a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e Pedro Campos (PSB-PE), irmão do prefeito do Recife, João Campos (PSB).
Os termos mais citados pelos deputados sobre a fiscalização do Pix foram “Receita Federal”, “governo”, “monitoramento”, “transações”, “imposto”, “fiscalização”, “fake” e “news”.
SENADO
No Senado, o PL falou mais. Fez 55 publicações dos 135 posts analisados. E assim como na Casa Baixa, a posição do partido dominou o debate.
Nesse caso, a direita concentra 9 dos 10 nomes com maior engajamento em publicações sobre o Pix. São eles: Cleitinho (Republicanos-MG), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES), Sergio Moro (União-PR), Damares Alves (Republicanos-DF), Marcos Pontes (PL-SP), Jorge Seif (PL-SC), Rogério Marinho (PL-RN) e Eduardo Girão (Novo-CE).
Humberto Costa (PT-PE) é o único governista do top 10.
Os termos mais citados pelos senadores foram “Lula”, “governo”, “Receita Federal” e “imposto”.
COMO SERIA A FISCALIZAÇÃO
A mudança nas regras determinava que o Fisco iria acompanhar movimentações financeiras acima de R$ 5.000 por mês para pessoas físicas e R$ 15.000 para pessoas jurídicas por meio de pagamento digital. Isso não significa que foi criada uma taxa do governo por operação, como informaram publicações nas redes sociais que acuaram o governo e forçaram um recuo.
A cobrança de tarifas extras no comércio se dá por causa de uma desconfiança dos comerciantes em relação ao monitoramento das transações financeiras. Como mostrou o Poder360, vários profissionais do setor avaliam que essa seria uma forma de repassar um eventual aumento dos custos ao consumidor e evitar prejuízos próprios.
FISCALIZAÇÃO DO PIX
A mudança determinava que a Receita Federal passaria a receber dados de operadoras de cartão de crédito e instituições de pagamento. Afetariam varejistas de grande porte, bancos digitais e carteiras eletrônicas, incluindo transações via Pix. O mesmo já era feito por bancos tradicionais.
Só movimentações mensais acima de R$ 5.000 para pessoas físicas ou R$ 15.000 para empresas seriam informadas. Segundo o Fisco, os dados tinham o objetivo de identificar irregularidades e reforçar o cumprimento das leis tributárias.
Depois da repercussão negativa do anúncio da medida, o governo decidiu revogar em 15 de janeiro a medida que autorizava o acompanhamento das movimentações financeiras. Na ocasião o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, disse que “pessoas inescrupulosas distorceram o ato normativo da Receita Federal, prejudicando muita gente no Brasil, causando pânico, principalmente na população mais humilde”.