A Controladoria-Geral da União (CGU) encaminhou à Comissão de Ética da Presidência denúncias de suposto assédio moral envolvendo a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. O Congresso em Foco apurou que os alguns casos foram denunciados em outubro do ano passado. Cida, que é considerada importante pelo presidente Lula e uma petista raiz, é considerada uma importante peça na Esplanada. A acusação vem em meio à uma reforma ministerial planejada pelo governo.
Fontes que conversaram com a reportagem afirmaram que a pressão por entregas e uma melhor comunicação governamental, agravada pelo fiasco do monitoramento do Pix e pela cobrança demonstrada publicamente por Lula na última reunião ministerial desta segunda (20), tem gerado um estresse e levado as pessoas a “se revelarem”.
“Se você passar um pente fino vai achar denúncias em pelo menos 10 ou 15 ministérios. Por outro lado, isso mostra que os canais de denúncias estão funcionando. Esse governo não tem mais denúncias do que outros. A verdade é que os servidores se sentem mais à vontade para denunciar”, afirmou uma fonte.
Ainda em outubro, como apurou o Congresso em Foco, as acusações também envolviam a secretária-executiva da pasta, Maria Helena Guarezi.
Em nota, o Ministério das Mulheres afirmou que nenhuma das acusações foi registrada formalmente nos canais de denúncia da Corregedoria do órgão, “da mesma forma que não foi notificado sobre denúncias realizadas em outros órgãos”.
“Em 2024, o Ministério das Mulheres realizou capacitações com todas as áreas do órgão, incluindo lideranças, servidores(as) e trabalhadores(as) terceirizados(as), sobre prevenção e enfrentamento ao assédio moral e sexual, abordando em detalhes as atribuições da Corregedoria, além de esclarecer como as denúncias sobre conduta de conotação sexual e assédio moral são tratadas no âmbito do direito administrativo disciplinar. Ao todo, 161 pessoas foram capacitadas, o que representa 62% do órgão. O Ministério das Mulheres reforça ser contra todo tipo de discriminação e ressalta que dará andamento a qualquer tipo de denúncia feita formalmente nos seus canais pertinentes e prestará todo o apoio a eventuais apurações instauradas nos órgãos externos de controle”, diz o comunicado.
De acordo com a CNN, os relatos de servidoras, que gravaram situações que estão anexadas ao processo, são de ameaças de demissão, cobrança de trabalho em curto prazo, tratamento hostil, manifestações de preconceito e gritos.
“No caso específico da ministra de Estado, a CGU não possui competência para atuar. Por essa razão, foi encaminhado um expediente à Comissão de Ética Pública do Poder Executivo Federal, informando os fatos”, informou a Controladoria.
As denunciantes alegam que os problemas começaram a partir do desentendimento da ministra com a então secretária nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Polícia, Carmen Foro, exonerada em 9 de agosto do ano passado com a justificativa de que ela não era uma “boa gestora”.