Em entrevista ao portal LeoDias, Rodrigo Tozzi, chefe de operações do projeto no Brasil, explicou como esses criptoativos funcionam e qual é o intuito da empresa ao oferecê-los aos usuários que escaneia a íris
O projeto World, que está escaneando a íris da população mundial para criar uma identidade digital global, tem despertado muitas questões, especialmente sobre os tokens, criptoativos pagos aos usuários que se verificam no sistema, que podem ser convertidos em dinheiro. Em entrevista ao portal LeoDias, Rodrigo Tozzi, chefe de operações do projeto no Brasil, explicou como esses criptoativos funcionam e qual é o intuito da empresa ao oferecê-los aos participantes.
Para aqueles que participam do processo de verificação da íris, o projeto oferece tokens, que são criptoativos, como uma forma de recompensa. Mas o que são esses tokens e qual seu valor? Segundo Tozzi, os tokens não devem ser confundidos com criptomoedas tradicionais, como o Bitcoin. “Tokens são criptoativos, não é uma criptomoeda especificamente como por exemplo o Bitcoin. Ele é um criptoativo, é um pouquinho diferente. Na verdade, o token é como se fosse um programa de milhas. Ele não é um dinheiro, não é uma forma monetária.”
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Esses tokens, no entanto, têm um valor específico dentro do projeto, e funcionam como uma forma de distribuir a propriedade do protocolo da World. “Os tokens são pedacinhos do projeto que dão a propriedade para os usuários. Mas como eles são criptoativos, as pessoas podem eventualmente negociar esses criptoativos no livre mercado. E aí os usuários podem vender esses criptoativos para outros usuários e transformar isso em moeda local, como reais, por exemplo. Mas o conceito por trás é de distribuir propriedade do projeto.”
O valor dos tokens são variáveis
Os tokens concedidos aos usuários não são fixos e seu valor pode oscilar com o tempo. O número de tokens distribuídos varia conforme a expansão do projeto e a quantidade de usuários que se verificam na plataforma. “Quanto mais usuários tem na base, quanto mais difundido é o projeto, menor vai sendo a quantidade dos tokens”, revelou o executivo. No momento da verificação, o usuário recebe inicialmente uma quantidade de tokens, que pode ser dividida em duas fases: 20 tokens são liberados nas 24 horas seguintes, e outros 28 tokens são distribuídos ao longo dos 12 meses seguintes.
Já o valor desses tokens no mercado financeiro também são variáveis, pois é afetada pela cotação do dólar, já que o valor dos tokens é “dolarizado”. “Quando as pessoas optam por vender esses tokens no mercado para transformar em reais, tem diversas coisas que podem afetar o valor como por exemplo a quantia de tokens que essa pessoa recebeu porque ela recebe uma quantia de tokens por fazer a verificação. Essa quantia é dividida em duas fases: a primeira, que é 24 horas após a verificação, tem uma quantia de tokens que é liberada. Hoje está em algo em torno de 20 tokens. E ao longo dos próximos 12 meses, hoje mais ou menos 28 tokens são distribuídos, fracionados ao longo desses 12 meses. Então, são 48 tokens, 20 nas 24 horas e 28 fracionados em 12 meses. Então, essa é uma das variáveis que pode ter.”
A crítica sobre a exploração econômica de pessoas vulneráveis
Com a crescente popularidade do projeto, surgiram algumas críticas de que o programa estaria explorando a vulnerabilidade econômica de pessoas em situação mais difícil para atrair participantes para o projeto que captura dados biométricos sensíveis dos usuários através do escaneamento da íris. Tozzi, no entanto, rejeitou essa acusação e destacou que o projeto busca atender a toda a população, independentemente de classe social. “O objetivo é criar uma ferramenta para toda a humanidade”, afirmou. Segundo ele, a distribuição dos centros de verificação em São Paulo visa garantir que o projeto esteja acessível a diferentes públicos, de todas as classes sociais e idades, a partir de 18 anos.
O futuro do projeto World no Brasil
Sobre a expansão do projeto para outras cidades do Brasil, Tozzi revelou que o objetivo inicial foi começar por São Paulo, devido à sua relevância econômica e populacional. “São Paulo é a principal cidade do Brasil, é um centro econômico, é uma cidade populosa, e também é onde o time da Tools for Humanity está sediado, então a ideia foi começar pela cidade mais importante, estabelecer aqui a operação e depois expandir para outras cidades.”
Por fim, Tozzi destacou que o projeto não tem previsão para terminar. “Não, na verdade, isso é um processo contínuo, porque se a gente pensa, se a gente considera isso uma ferramenta para toda a humanidade, é algo que não tem data para acabar”, afirmou, indicando que os pontos de verificação continuarão a ser implementados para garantir o acesso ao maior número possível de pessoas.