A primeira Copa na Europa foi marcada pela interferência política de Mussolini

A primeira Copa na Europa foi marcada pela interferência política de Mussolini


ASSOCIATED PRESS/APFItália, Milão, 10/06/1934, O italiano Guaita chuta para marcar gol durante partida da semifinal da Copa do Mundo de 1934, entre Itália e Áustria, disputada em Milão, Itália. A equipe da casa venceu por 1 a 0. A Copa de 34 foi a primeira na qual os países tiveram que se classificar na disputa das Eliminatórias para poder participar.
O italiano Guaita chuta para marcar gol durante partida da semifinal da Copa do Mundo de 1934, entre Itália e Áustria

Nas últimas colunas, destaquei a Copa de 1930, que completa 95 anos, em 2025. Avanço agora mais quatro anos para destacar o primeiro Mundial disputado na Europa. Em 1932, a Fifa confirmou que a Itália seria a sede da competição. Aquela Copa foi um dos primeiros exemplos da mistura entre política e futebol. Benito Mussolini, o Duce, ditador italiano, fez de tudo para que o país organizasse o torneio. A obsessão pelo título era tanta que ele mandava bilhetes aos jogadores com a ameaça: “vencer ou morrer”. Estes, obedientes ao regime de Mussolini, faziam a saudação fascista durante as partidas em direção às tribunas de honra dos estádios. 

O ditador escolheu o general Giorgio Vaccaro para tocar o projeto da Copa na Itália. O jornalista Vittorio Pozzo foi indicado para treinar a Squadra Azzurra. A Copa de 34 foi transmitida ao vivo pelo rádio para 12 países. Já no Brasil, assim como em 1930, para saber informações sobre os jogos era preciso recorrer aos jornais ou ouvir os boletins das emissoras de rádios. A transmissão ao vivo das partidas só seria possível em 1938.

O Uruguai, sede em 1930, decidiu não participar da Copa. Além de enfrentar uma crise interna no futebol, o país resolveu fazer um protesto contra os europeus pela falta de apoio da maioria do continente ao Mundial de quatro anos antes. A Copa teria 16 vagas, e a Fifa conseguiu 32 inscritos. Alguns países desistiram no meio do caminho, como o Peru, o que abriu espaço para a classificação automática da seleção brasileira. 

A Argentina, vice-campeã em 1930, esteve no Mundial, mas sem a força máxima. O país perdeu os principais jogadores justamente para a Itália: Monti, Guaita, Orsi e De Maria eram os chamados “oriundi”. O brasileiro Anfilogino Guarisi Marques, o “Filó”, também estava relacionado pela Itália. Destaque no Corinthians e no Paulistano, ele entrou para a história como o primeiro brasileiro campeão mundial de futebol, apesar de não ter sido escalado em nenhuma partida da Copa. A Fifa ainda não proibia que atletas atuassem por seleções de outros países.

ITÁLIA 2 × 1 TCHECOSLOVÁQUIA – Roma – 10.06.1934 

Itália: Combi, Allemandi, Monzeglio, Ferraris, Ferrari, Meazza, Bertolini, Monti, Orsi, Guaita e Schiavio.
Tchecoslováquia: Planicka; Zenisek, Ctyroky, Cambal, Kostalek, Krcil, Puc, Junek, Nejedly, Sobotka e Svoboda.
Árbitro: Ivan Eklind (Suécia).
Gols: Puc (31) e Orsi (36) no segundo tempo. Schiavio (5) na primeira etapa da prorrogação.

Na finalíssima, a Itália venceu a Tchecoslováquia, de virada, na prorrogação, e conquistou a Copa. O presidente da Fifa, Jules Rimet, classificou o resultado da organização como extremamente positivo. “Foi um sucesso moral, técnico e financeiro”, foi a frase do dirigente francês estampada nos jornais brasileiros. Na coluna de amanhã, destaco a participação nacional.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.





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