Em busca de um melhor assento nas mesas de negociação

Em busca de um melhor assento nas mesas de negociação


A guerra na Ucrânia completará em breve três anos de severos conflitos e os esforços para a paz têm falhado miseravelmente. Desde março de 2022 nenhuma tratativa séria foi organizada para se discutir diplomaticamente o caminho para se baixar as armas. Algumas nações como o Brasil e a China até tentaram se prontificar a uma posição de mediação, porém a escolha por um apoio indireto à Rússia, comprometeram a imparcialidade dos mediadores. Um dos principais aliados da Ucrânia, os Estados Unidos não tinham inicialmente nenhum interesse em organizar acordos de cessar-fogo, todavia, a mudança diametral na presidência da república, mudará também os rumos da política externa norte-americana.

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A chegada de Donald Trump à Casa Branca representará um realinhamento de muitas forças no campo geopolítica, com o afago a certos aliados e o abandono a outros. Se Benjamin Netanyahu está contando as horas até o 20 de janeiro, Volodymyr Zelensky corre contra o calendário para melhorar a sua posição de negociação. Em muitos momentos da campanha eleitoral, Trump, deixou claro que sua intenção é finalizar a guerra na Ucrânia nos primeiros dias de seu governo. Quando questionado sobre os termos exatos do acordo que proporá aos beligerantes, o futuro presidente dos Estados Unidos, não deu detalhes, alegando que revelá-los acabaria com as chances de sucesso de seu plano. Em meio a tantas dúvidas e imprevisibilidade, Kiev e Moscou partem para novas ofensivas em busca de se colocarem em posições de superioridade estratégica em determinadas frentes.

Hoje o exército ucraniano realizou um ataque em grande escala no território russo com mais de 200 drones e mísseis. A intensidade do ataque não é apenas visível na quantidade de artefatos bélicos utilizados, mas na distância das cidades russas envolvidas desde 200 km até 1100 km desde a fronteira com a Ucrânia. Outro fato relevante é o tipo de armamento usado, mísseis de longo alcance ATACMS de fabricação norte-americana e Stormshadow de fabricação britânica. Quando foram utilizados pela primeira vez no final de 2024, a resposta russa envolveu um ataque com ICBM na região de Dnipro e levantou a possibilidade de os russos utilizarem um arsenal mais potente em ataques futuros.
Os alvos do ataque de hoje foram depósitos e fábricas de armas, indústrias petrolíferas e de gás e outros complexos estratégicos do exército russo em localidades variadas da Federação Russa. Apesar de terem repelido cerca de 90% dos drones e mísseis, alguns foram certeiros e trouxeram prejuízos financeiros ao exército de Vladmir Putin. Os russos, por sua vez, responderam com mais ataques aéreos na região de Donetsk, favorecendo os homens no solo em suas posições já vantajosas para tomar novas cidades cruciais em seu objetivo de conquistar todo o Oblast.

As últimas horas enfatizam mais o desespero ucraniano do que as graves falhas de segurança dos russos e evidenciam a tentativa de Zelensky de melhorar a posição em que chegará às mesas de negociação. Aparentemente os ataques não mudam a configuração territorial a ponto de aumentar o poder de barganha de um lado ou do outro, mas podem ser um prelúdio de mais sete dias intensos de ataques com armamentos ainda mais poderosos. Enquanto Donald Trump não faz o juramento pela segunda vez, a imprevisibilidade dominará os campos de batalha no leste europeu.



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