Em vídeo nas redes, eles afirmam ser um “momento histórico do povo venezuelano” e “muito importante” para o movimento
Representantes da Juventude do MST foram à Venezuela acompanhar a posse do presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda) na 6ª feira (10.jan.2025).
O perfil do MST no X (ex-Twitter) postou um vídeo com 3 integrantes em Caracas. Eles afirmam ser um “momento histórico do povo venezuelano” e “muito importante” para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
A seguir, leia a íntegra das declarações dos integrantes:
- Luz Marin – “Olá, Brasil, estamos aqui, a delegação da Juventude do MST. Hoje, num momento histórico do povo venezuelano, a posse do presidente Maduro. Estamos aqui vendo a realidade do povo venezuelano, povo feliz, povo trabalhador, povo que luta e defende sua pátria com garra, então hoje é um dia de muita alegria para a gente. Estar vivenciando essa experiência. Aqui temos países de todo o mundo, representando o internacionalismo e a solidariedade dos povos”;
- Pedro Reis – “É um momento muito importante para nós, do MST, por estarmos exercitando esse princípio da solidariedade internacional, do qual nós somos tão gratos ao povo venezuelano pela ajuda e pelas contribuições que deram à luta dos povos no Brasil”;
- Renata Menezes – “O que a gente vê é que as ruas estão tomadas para fazer um empossamento popular do presidente Nicolás Maduro. Esse reconhecimento dos movimentos sociais brasileiros por esse momento de luta importante, na luta pela soberania dos povos”.
Assista ao vídeo divulgado pelo MST (1min35s):
No discurso de posse, Maduro declarou que a Venezuela é um país democrático e sugeriu reformar a Constituição. Disse também que representantes de 125 países foram ao evento –o Brasil foi representado pela embaixadora em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira.
No dia anterior à posse, 9 de janeiro, a oposição realizou atos contra o presidente venezuelano. Eles alegam que a eleição de julho de 2024 foi fraudada e que Edmundo González (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita) seria o verdadeiro vencedor do pleito.
A líder da oposição, María Corina, participou da manifestação em Caracas.
Ao final do ato, ela e sua equipe disseram que ela teria sido perseguida por agentes do regime chavista, acusação que o governo nega. Não está claro o que de fato se passou.
Leia o que dizem oposição e governo sobre o episódio:
- equipe de María Corina – apoiadores da opositora alegam que ela foi “interceptada e derrubada de sua moto” quando saia de uma manifestação contra o governo em Chacao. Ela teria sido “retida à força”, forçada a gravar e vídeos e posteriormente liberada. A ação teria durado cerca de 1h30;
- governo Maduro – integrantes do regime afirmam que a suposta retenção não passou de uma “fake news” criada para acobertar o “fracasso” das manifestações anti-Maduro realizadas na 5ª feira (9.jan) na Venezuela.
VENEZUELA SOB MADURO
A Venezuela vive sob uma autocracia chefiada por Nicolás Maduro, 62 anos. Não há liberdade de imprensa. Pessoas podem ser presas por “crimes políticos”. A OEA publicou nota em maio de 2021 (PDF – 179 kB) a respeito da “nomeação ilegítima” do Conselho Nacional Eleitoral.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos relatou abusos em outubro de 2022 (PDF – 150 kB), novembro de 2022 (PDF – 161 kB) e março de 2023 (PDF – 151 kB). Relatório da Human Rights Watch divulgado em 2023 (PDF – 5 MB) afirma que 7,1 milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2014.
Maduro nega que o país viva sob uma ditadura. Diz que há eleições regulares e que a oposição simplesmente não consegue vencer.
As eleições presidenciais realizadas em 28 de julho de 2024 são contestadas por parte da comunidade internacional. A principal líder da oposição, María Corina, foi impedida em junho de 2023 de ocupar cargos públicos por 15 anos. O Supremo venezuelano confirmou a decisão em janeiro de 2024. Alegou “irregularidades administrativas” que teriam sido cometidas quando era deputada, de 2011 a 2014, e por “trama de corrupção” por apoiar Juan Guaidó.
Corina indicou a aliada Corina Yoris para concorrer. No entanto, Yoris não conseguiu formalizar a candidatura por causa de uma suposta falha no sistema eleitoral. O diplomata Edmundo González assumiu o papel de ser o principal candidato de oposição.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo, anunciou em 28 de julho de 2024 a vitória de Maduro. O órgão confirmou o resultado em 2 de agosto de 2024, mas não divulgou os boletins de urnas. O Tribunal Supremo de Justiça venezuelano, controlado pelo atual regime, disse em 22 de agosto de 2024 que os boletins não serão divulgados.
O Centro Carter, respeitada organização criada pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, considerou que as eleições na Venezuela “não foram democráticas”. Leia a íntegra (em inglês – PDF – 107 kB) do comunicado.
Os resultados têm sido seguidamente contestados pela União Europeia e por vários países individualmente, como Estados Unidos, México, Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai. O Brasil não reconheceu até agora a eleição de Maduro em 2024, mas tampouco faz cobranças mais duras como outros países que apontam fraude no processo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a dizer não ter visto nada de anormal no pleito do país.
A Human Rights Watch criticou os presidentes Lula, Gustavo Petro (Colômbia) e Andrés Manuel López Obrador (México) em agosto de 2024. Afirmaram em carta enviada aos 3 ser necessário que reconsiderem suas posições sobre a Venezuela e criticaram as propostas dos líderes para resolver o impasse, como uma nova eleição e anistia geral. Leia a íntegra do documento (PDF – 2 MB).