Em audiência conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, o ex-presidente negou ter solicitado apoio militar e mencionou restrição financeira imposta do TSE
Nesta terça-feira (10/6), durante seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes perguntou a Jair Bolsonaro se, em alguma reunião, o almirante Almir Garnier havia colocado as tropas da Marinha à disposição. Bolsonaro foi rápido na resposta: “Em hipótese alguma. Não existe isso”. Ele reforçou que qualquer medida extraordinária pelos militares dependeria de circunstâncias e instituições diferentes, e ainda afirmou que não houve clima, oportunidade ou base legal para isso.
“Se nós fossemos prosseguir num Estado de sítio, as medidas seriam outras. Na ponta da linha é que teriam outras instituições envolvidas. Agora, não tinha clima, não tinha oportunidade, e não tinha base minimamente sólida para se fazer alguma coisa”, disse o ex-presidente.
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Bolsonaro ainda fez menção ao impacto da multa de R$ 22 milhões aplicada ao PL pelo Tribunal Superior Eleitoral, por questionamentos considerados de má-fé ao resultado eleitoral: “Só foram conversadas outras hipóteses constitucionais tendo em vista que o TSE fechou as portas pra gente com aquela multa que espero que um dia a Vossa Excelência possa reconsiderar aquela multa e volte para o partido. Está fazendo muita falta para a gente aqueles R$ 22 milhões”, contou ele, em pedido ao ministro relator do inquérito, Alexandre de Moraes.
O Partido Liberal (PL) foi multado em cerca de R$ 22,9 milhões em 2022 por tentar anular parte dos votos do segundo turno das eleições, com base em alegações consideradas infundadas e de má-fé, a fim de questionar a legitimidade do resultado eleitoral.
O que disse Garnier
Durante a manhã, o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, foi o primeiro interrogado. Sob questionamentos de Moraes sobre supostas tentativas de envolvimento militar, ele admitiu participação em reuniões em 7 e 14 de dezembro de 2022 com Bolsonaro e outros comandantes, eventos que ele definiu como rotina institucional, voltados a preocupações com segurança pública e manifestações civis, e não como conspiratórios. Negou ainda que fosse apresentada “minuta de golpe” em papel, esclarecendo que viu apenas slides e que nada sugeria decreto ilegal.
Sobre o suposto oferecimento de tropas ao ex-presidente, acusação central da Procuradoria-Geral da República (PGR), Garnier afirmou que nunca colocou forças navais à disposição de Bolsonaro.