O tenente-coronel Mauro Cid afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente Jair Bolsonaro manteve apenas a prisão do ministro Alexandre de Moraes na versão final da chamada “minuta do golpe”. O documento, segundo ele, foi lido e editado por Bolsonaro, que “enxugou” o texto, retirando outras ordens de prisão previstas na proposta.
“O documento consistia basicamente de duas partes”, explicou Cid. “A primeira parte eram os considerandos (…), e, na segunda parte, entrava numa área mais jurídica, de estado de defesa, prisão de autoridades e decretação de um conselho eleitoral.” A minuta chegou a ser encontrada na sede do PL, partido do ex-presidente, em 2023.
O momento foi registrado no canal do Migalhas, portal parceiro do Congresso em Foco:
Cid afirmou que as versões anteriores do decreto mencionavam a prisão de “vários ministros do STF, o presidente do Senado (…), tanto do STF como do Legislativo”. No entanto, após revisão, Bolsonaro teria optado por manter apenas Moraes como alvo: “Somente o senhor ficaria como preso”, disse Cid ao próprio Moraes durante o interrogatório.
O conteúdo do documento é considerado pela Procuradoria-Geral da República como um dos principais indícios do plano para romper com a ordem democrática após a eleição de 2022. A oitiva de Cid abriu a série de interrogatórios dos réus do chamado “Núcleo 1” da ação penal, que inclui ex-ministros e o próprio ex-presidente.