Doença virou assunto dos sites de notícia após Léo Mendonça Huff tirar foto com um sensor de glicose
Nos últimos dias, dona Ruth, a mãe de Marília Mendonça, contou ao g1 que o neto, Léo, foi diagnosticado com diabetes tipo 1 meses após a morte da cantora. Ele já tinha apresentado sintoma da doença enquanto ela era viva. A reportagem do portal LeoDias conversou com a endocrinologista Dra. Tatiana Abrão para entender a relação da descoberta com o emocional do menino que hoje tem 5 anos.
“O estresse causado pela perda da mãe pode, sim, ter relação com o desenvolvimento da diabetes tipo 1. Antigamente, não tínhamos evidências sobre essa associação, mas alguns estudos recentes correlacionou o estresse na primeira infância com maior risco de desenvolver diabetes tipo 1. É como se fosse um gatilho autoimune, já que esse tipo de diabetes é uma doença autoimune e o estresse pode impactar no sistema imunológico, acelerando o ataque desses anticorpos às células que produzem insulina”, explicou a especialista.
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É importante destacar que o estresse prejudica o tratamento da doença, tendo piora no controle dos sintomas, aumento de cortisol, adrenalina e rejeitar o que está sendo servido, não gostar da quantidade de alimentos oferecida ou então comer menos do que o correto, aumentando o risco de hipoglicemia.
Até o momento não existe cura para a doença e sim tratamento. “Nas últimas duas décadas tivemos avanços nos tipos de insulina, que oferecem menos riscos de hipoglicemia e uma ação mais prolongada. Temos as bombas de insulina que trazem resultados espetaculares, inclusive algumas são inteligentes e calculam a glicemia e alertam para hipoglicemia”, continuou ela.
Atualmente existe o sensor, capaz de monitorar a casa 15 minutos o nível de açúcar no sangue do diagnosticado. Outro ponto que auxilia no tratamento é a prática de atividade física.
Léo teve convulsão antes de ser diagnosticado
Ainda segundo a profissional de saúde, a hiperglicemia pode causar convulsões em situações extremas, em que a glicemia estiver muito alta, levando o paciente a ser hospitalizado, pois a glicemia muita alta leva à desidratação.
“Para entender melhor, geralmente o quadro que leva ao diagnóstico da diabetes tipo 1 é a cetoacidose diabética, que reúne um conjunto de sintomas como muito xixi, muita sede, muita fome e perda de peso considerável. O quadro de cetoacidose pode ser desencadeado por vários fatores, entre eles, infecção de urina ou infecção respiratória e os sintomas geram a desidratação, que pode atingir o cérebro, levando a criança ao rebaixamento de consciência e até coma”, elucidou ela.
Comer doce exageradamente não tem nada a ver com o diagnóstico, porque a doença tem disposição genética, sendo uma doença autoimune, onde o sistema imunológico ataca as células que produzem insulina no pâncreas, gerando uma deficiência de insulina. O consumo excessivo de doces, ultraprocessados e carboidratos pode agravar os sintomas e piorar o controle, mas não tem influência no surgimento da diabetes.
“Gostaria de ressaltar que é muito importante a criança ter apoio psicológico familiar e viver em um ambiente acolhedor, pois um ambiente estressante também pode favorecer a piora do diabetes”, recomendou a médica.