
Silenciosos, observadores e cheios de personalidade, os felinos vêm se tornando presença constante nos lares brasileiros. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil abriga mais de 30 milhões desses animais — ainda atrás da população de cães, mas com crescimento acelerado. A preferência pelos gatos tem ganhado força especialmente em áreas urbanas, onde seu perfil mais discreto e a facilidade de conviver bem em espaços compactos os tornam companheiros ideais.
Essa ascensão também impulsiona um olhar mais atento aos cuidados exigidos pela espécie, que vão muito além da ração e da caixa de areia. “É sempre bom a gente lembrar e deixar claro que gato não é um cão pequeno. Os felinos têm particularidades e comportamentos específicos da sua espécie, que devem ser aprendidos e levados em consideração pelos seus tutores”, destaca Leonardo Veiga, professor de Medicina Veterinária da UniSociesc.
Entendendo o comportamento felino
Muitas pessoas ainda acreditam que os gatos são apegados apenas ao ambiente, e não aos seus tutores. Mas, de acordo com Leonardo Veiga, isso é um equívoco: “eles são, sim, muito carinhosos e gostam da presença humana. Só têm um jeito próprio de demonstrar isso”.
Enquanto os cães costumam ser mais dependentes e carinhosos de forma explícita, os bichanos preferem demonstrar afeto com a proximidade. “Eles gostam de estar no mesmo cômodo, no mesmo ambiente. Nem sempre vão querer colo ou carinho, mas estarão por perto, observando e interagindo à sua maneira”, explica o veterinário.
O famoso ronronar, segundo o professor, trata-se de uma forma de comunicação multifuncional. “Eles ronronam por fome, por prazer, por ansiedade ou até para se preparar para uma ‘caça’, como quando estão observando um inseto. É importante interpretar esse comportamento dentro do contexto”, afirma.
Atenção à alimentação equilibrada
O sobrepeso é um problema frequente entre os gatos domésticos. Segundo Leonardo Veiga, isso acontece porque, diferentemente dos felinos selvagens, que precisam caçar sua comida e se manter ativos, os gatos de estimação recebem alimento pronto e sem esforço.
“A comida fácil diminui o nível de atividade do animal. Por isso, é importante estimular o gato a se movimentar”, explica. Uma das estratégias mais eficazes é o uso de brinquedos interativos, que exigem que o animal “trabalhe” um pouco para acessar o alimento. Isso aumenta o gasto energético e contribui para que o felino tenha um estilo de vida mais saudável.
A castração, embora necessária por diversos motivos de saúde e segurança, também pode contribuir para o ganho de peso, pois reduz o metabolismo do animal. Dessa forma, a combinação de estímulo à atividade física com uma alimentação balanceada é fundamental.
A castração é recomendada para evitar fugas, ninhadas indesejadas e alguns problemas de saúde. No entanto, deve ser feita na idade certa: após os seis meses de vida, quando o gato já completou seu crescimento ósseo e muscular.
“Jamais utilize vacinas anticio, conhecidas como progestágenos. Elas são altamente hormonais e podem causar sérios efeitos colaterais, como infecções uterinas e câncer de mama”, alerta Leonardo Veiga, que recomenda: “Consulte sempre um médico veterinário de confiança. Ele vai saber orientar de forma segura e individualizada o que é melhor para o seu gato”.

Tudo o que seu gato precisa
Ter um gato como animal de estimação vai muito além de oferecer comida e abrigo. Os felinos precisam de atenção, estímulos e cuidados específicos para se manterem saudáveis e felizes. Abaixo, o professor Leonardo Veiga reúne algumas orientações e dicas importantes para quem já convive com um bichano ou pretende adotar. Confira!
1. Disponibilize água fresca em várias fontes pela casa
Gatos tendem a beber pouca água; por isso, é fundamental incentivar a hidratação. Espalhe potes ou fontes de água corrente em diferentes ambientes, sempre em número maior do que o de gatos na casa.
2. Mantenha uma alimentação equilibrada e controlada
Evite deixar ração à vontade o dia todo. Ofereça porções controladas e, se possível, consulte o veterinário sobre rações específicas para a idade e condição de saúde do seu gato.
3. Estimule o comportamento natural com brincadeiras
Gatos precisam caçar, explorar e escalar. Brinquedos com varinhas, penas, lasers e arranhadores são ótimos para estimular o instinto caçador e evitar o sedentarismo e o estresse.
4. Garanta ambientes seguros e enriquecidos
Coloque telas em janelas e sacadas, especialmente em apartamentos, para evitar acidentes. Ofereça prateleiras, tocas ou espaços elevados, pois os gatos adoram observar o ambiente de cima.
5. Cuide da saúde do seu bichinho
As consultas regulares ao veterinário são fundamentais para manter as vacinas em dia e ajudar na detecção precoce de doenças. Para gatos saudáveis, que tenham entre 1 e 10 anos, a indicação é fazer visitas anuais ao veterinário. Gatos com mais de 10 anos ou com problemas de saúde, o ideal é que as consultas sejam a cada seis meses.
Por Genara Rigotti