Trégua foi implementada por conta de celebrações do “Dia da Vitória”, em 9 de maio; medida foi recusada por Zelensky
O cessar-fogo de 72 horas implementado unilateralmente pela Rússia a partir da 5ª feira (8.mai.2025) chegou ao fim neste sábado (10.mai). A trégua temporária se deu por conta das comemorações do 9 de Maio, chamado também de “Dia da Vitória”, em que os russos celebram a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na 2ª Guerra Mundial.
A celebração contou com desfile na Praça Vermelha, em Moscou, na 6ª feira (9.mai). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi ao evento acompanhado da primeira-dama, Janja Lula da Silva. Autoridades de 29 países foram convidadas, dos quais 18 são considerados autocracias –governos sem liberdade democrática e com repressão à mídia e à oposição. O líder chinês, Xi Jinping, foi um dos presentes.
O presidente russo, Vladimir Putin, fez um discurso, no qual disse que “a Rússia foi e continuará sendo um obstáculo inquebrantável ao nazismo, à russofobia e ao antissemitismo”, e “se oporá à violência promovida pelos defensores dessas ideias agressivas e destrutivas”.
Sobre a Ucrânia, Putin declarou: “A verdade e a justiça estão do nosso lado. Toda a Rússia, nossa sociedade e todo o povo apoiam os participantes da operação militar especial [como a Rússia chama a guerra]. Temos orgulho de sua coragem e espírito, e da determinação inabalável que sempre nos trouxe a vitória”.
Quando anunciou o cessar-fogo temporário, em 28 de abril, o Kremlin ameaçou “responder adequadamente” caso Kiev quebrasse o acordo. “Em caso de violação do cessar-fogo pelo lado ucraniano, as Forças Armadas da Federação Russa fornecerão uma resposta adequada e eficaz”.
A medida havia sido recusada pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Disse que a proposta era uma encenação de Vladimir Putin e que o objetivo de Kiev era um cessar-fogo duradouro.
“Isso é mais uma performance teatral da parte dele. Porque em 2 ou 3 dias é impossível elaborar um plano para os próximos passos para acabar com a guerra”, disse Zelensky a jornalistas no dia 2 de maio.
Zelensky afirmou que aceitaria a trégua nessa data, desde que fizesse parte de um acordo com validade de 30 dias.
“Se a Rússia estiver disposta a tomar medidas recíprocas –para estabelecer silêncio absoluto, um cessar-fogo duradouro de pelo menos 30 dias. Este é um prazo justo para preparar os próximos passos. A Rússia deve parar a guerra e interromper seus ataques e bombardeios”, disse o presidente ucraniano.
Zelensky disse ainda que não seria possível assegurar que a Rússia não seria atacada durante a celebração. “Não podemos ser responsabilizados pelo que acontece no território da Federação Russa. Eles são responsáveis pela própria segurança e, por isso, não os podemos dar nenhuma garantia”, declarou.
Em resposta, Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, disse disse em 3 de maio que ninguém poderia garantir a sobrevivência de Kiev caso a Ucrânia atacasse o país durante as comemorações.
“[Zelensky] entende que, no caso de uma provocação real no Dia da Vitória, ninguém poderá garantir que Kiev viverá para ver o dia 10 de maio”, disse em seu canal oficial do Telegram.
Já a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que a recusa do ucraniano representava uma ameaça direta aos líderes mundiais que estiveram em Moscou durante as comemorações.