ONU reduzirá drasticamente seus programas de ajuda este ano por falta de fundos

ONU reduzirá drasticamente seus programas de ajuda este ano por falta de fundos


Como resultado, a Organização das Nações Unidas terá que ‘hiperpriorizar’ seus planos para ajudar 114 milhões de pessoas em todo o mundo; projeto inicial abrangia 180 milhões de pessoas vulneráveis 

Foto da AFP Palestinos deslocados recebem pacotes de alimentos de uma fundação apoiada pelos EUA que se compromete a distribuir ajuda humanitária no oeste de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 27 de maio de 2025. Milhares de palestinos correram para um novo centro de distribuição de ajuda administrado por um grupo apoiado pelos EUA no sul de Gaza em 27 de maio, relataram jornalistas da AFP, o que provocou cenas caóticas enquanto Israel implementava um novo sistema de distribuição. O incidente em Rafah ocorreu dias após o alívio parcial do bloqueio total de ajuda ao território imposto por Israel em 2 de março, o que levou a uma grave escassez de alimentos e medicamentos. (Foto da AFP)
Palestinos deslocados recebendo poucos pacotes de alimentos no oeste de Rafah, no sul da Faixa de Gaza 

A ONU anunciou, nesta segunda-feira (16), que reduzirá drasticamente seus programas de ajuda neste ano, após “os piores cortes financeiros” já sofridos pelo setor humanitário, em grande parte devido à decisão dos Estados Unidos de reduzir suas doações ao mínimo. O novo plano de ajuda tem um orçamento de US$ 29 bilhões (R$ 161 bilhões), bem abaixo dos US$ 44 bilhões (R$ 244 bilhões) solicitados pela ONU para 2025. Como resultado, a ONU terá que “hiperpriorizar” seus planos para ajudar 114 milhões de pessoas em todo o mundo, indicou um comunicado do Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). O plano inicial era ajudar “180 milhões de pessoas vulneráveis”.

Segundo o OCHA, a ONU conseguiu arrecadar apenas US$ 5,6 bilhões (R$ 31,16 bilhões) dos US$ 44 bilhões solicitados até meados do ano, ou 13% do total, insuficientes para enfrentar as crises humanitárias no Sudão, Faixa de Gaza, República Democrática do Congo, Mianmar e Ucrânia. A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de encerrar ou reduzir a assistência financeira americana no exterior afeta todo o setor global de ajuda humanitária. Por muitos anos, o país foi o maior doador de ajuda ao desenvolvimento. Os cortes anunciados pelo governo Trump terão consequências significativas para a ajuda emergencial, campanhas de vacinação e distribuição de medicamentos contra a aids, entre outros programas.

Os fundos americanos representavam uma parcela significativa dos orçamentos de algumas agências da ONU e de muitas ONGs, perdas impossíveis de compensar em poucas semanas ou meses. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lamentou a decisão que poderá custar a vida de milhões de pessoas.O Programa Mundial de Alimentos (PMA), outra agência da ONU, alertou em março para uma “crise sem precedentes” devido a um corte de 40% em seu financiamento para 2025.

“Sem financiamento e acesso não podemos salvar vidas”, afirma Cindy McCain, diretora do PMA. O PMA, em conjunto com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), publicou nesta segunda-feira uma nova lista que cita Sudão, Gaza, Sudão do Sul, Haiti e Mali como áreas do mundo em risco imediato de fome.

“Decisões brutais”

Os cortes afetam esforços humanitários em todo o mundo, como o combate à tuberculose em Bangladesh e os programas de ajuda ao maior campo de indígenas e migrantes da Colômbia, no Deserto de Guajira, onde, devido à falta de financiamento, apenas três das 28 ONGs existentes operaram em 2024. Além dos Estados Unidos, outros países reduziram suas doações em um contexto econômico difícil.

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“Nos vimos obrigados a fazer uma triagem para a sobrevivência humana”, disse Tom Fletcher, subsecretário-geral da ONU para assuntos humanitários e coordenador dos serviços de emergência.”Os números são cruéis e as consequências são devastadoras. Muitas pessoas não receberão a ajuda de que precisam, mas salvaremos o máximo de vidas possível com os recursos que nos derem”, acrescentou. Para fazer o máximo possível com um orçamento menor, a ONU estabelecerá uma escala que classifica a gravidade das necessidades humanitárias. Áreas classificadas como nível 4 ou 5, ou seja, condições consideradas extremas ou catastróficas, terão prioridade. “Os cortes brutais no orçamento nos obrigam a fazer escolhas brutais”, admitiu Fletcher.

*Com informações da AFP 

 





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