Moeda americana encerrou a sessão desta segunda-feira (16) a R$ 5,4861, menor valor de fechamento desde 7 de outubro (R$ 5,4859); já o giro financeiro da bolsa ficou em R$ 22,1 bilhões hoje

O dólar abriu a semana em queda firme no mercado local, alinhado à onda de enfraquecimento da moeda americana no exterior. A perspectiva de que o confronto entre Israel e Irã possa não se estender e ficar circunscrito entre os dois países, sem envolvimento direto dos Estados Unidos, diminuiu a aversão ao risco no exterior, abrindo espaço para recuperação de mercados acionários e divisas emergentes.
Operadores também citaram dados positivos da economia chinesa – varejo e indústria – e o possível desenlace das decisões de política monetária no Brasil e nos EUA na quarta-feira (18), com manutenção de amplo diferencial de juros interno e externo, como pontos favoráveis ao recuo do dólar. O real apresentou o melhor desempenho entre as divisas latino-americanas. Considerando as moedas mais líquidas, ficou atrás apenas do rublo russo e do novo shekel israelense.
Com mínima a R$ 5,4856 na reta final dos negócios, o dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira (16), em queda de 1,00%, a R$ 5,4861 – menor valor de fechamento desde 7 de outubro (R$ 5,4859). Após o escorregão desta segunda, a moeda americana passa a recuar 4,08% em junho, o que leva as perdas acumuladas no ano a 11,23%.
À tarde, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o Irã precisa “negociar o mais rápido possível antes que seja tarde demais”. O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse que o país não busca intensificar o conflito, mas prometeu reagir a agressões israelenses. Já o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, disse ter comunicado à chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, que a ofensiva contra o Irã ainda não acabou.
Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY caía cerca de 0,05% no fim da tarde, abaixo dos 98,100 pontos, após mínima aos 97,685. A moeda americana ganhou força, contudo, em relação ao franco suíço e ao iene, o que sugere menor aversão ao risco. As cotações do petróleo recuaram, com o contrato do Brent para agosto encerrando em baixa de 1,35%, a US$ 73,23 o barril.
Entre os indicadores americanos, destaque para a queda do índice de atividade industrial Empire State, que mede as condições manufatureiras no Estado de Nova York, para -16, baixa bem superior a esperada (-5,5). Apesar das leituras benignas de inflação e de dados mostrando sinais de perda de fôlego da economia americana, a expectativa é que o Federal Reserve (Fed) não apenas anuncie manutenção da taxa básica de juros dos EUA nesta quarta-feira como reforce a postura cautelosa, indicando que não há pressa em mudar a política monetária.
No quadro político, as atenções estão voltadas à votação ainda nesta segunda na Câmara dos Deputados do requerimento de urgência para apreciação do projeto de decreto legislativo (PDL) que derruba o decreto do governo Lula que propõe aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Pela manhã, o Banco Central vendeu a oferta integral de US$ 1 bilhão em dois leilões de linha com compromisso de recompra realizados simultaneamente, contribuindo para deixar o mercado cambial irrigado. À tarde, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,215 bilhão na segunda semana de junho. No ano, o superávit acumulado é de US$ 27,539 bilhões.
Índice da B3
O Ibovespa voltou a se aproximar dos 140 mil pontos na máxima (139.988,36) desta segunda-feira (16), com a retomada do apetite por risco também em Nova York (EUA), apesar das hostilidades, desde a noite da última quinta-feira, entre Israel e Irã. A expectativa de que o conflito venha a ser contido – como sugerido pelo próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em declarações nesta abertura de semana – fez o petróleo recuar na sessão. E dados econômicos chineses, como os de produção industrial e vendas do varejo, deram impulso ao setor metálico nesta segunda-feira, com destaque para a principal ação da carteira, Vale ON (+3,26%).
O giro financeiro ficou em R$ 22,1 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa avança 1,63% e, no ano, sobe 15,77%. Nesta segunda, em alta de 1,49%, aos 139.255,91 pontos, o índice não apenas colheu seu maior ganho diário desde 13 de maio (+1,76%), há pouco mais de um mês, como também esboça retomar o campo positivo, tendo permanecido em alta, ainda que moderada, em quatro das últimas cinco sessões, à exceção da correção da última sexta-feira (13) – de qualquer forma, um ajuste negativo bem mais suave do que em geral observado nos mercados de Ásia, Europa e Estados Unidos no encerramento da última semana.
O nível de fechamento, nesta segunda, foi o maior para o Ibovespa desde 27 de maio. Em Nova York, Dow Jones subiu hoje 0,75%, S&P 500, 0,94%, e Nasdaq, 1,52%. Por lá, o humor do mercado melhorou após The Wall Street Journal informar que o Irã estaria buscando retomar negociações sobre seu programa nuclear com a Casa Branca, em tentativa de diminuir o conflito militar com Israel.
Na ponta ganhadora do Ibovespa nesta segunda-feira, Magazine Luiza (+6,71%), CSN (+6,05%) e Embraer (+5,34%). No lado oposto, BRF (-2,38%), Prio (-1,82%), Marfrig (-0,71%) e Brava (-0,48%), além de Petrobras PN (-0,98%). Entre as blue chips, Petrobras chegou a mostrar desempenho misto, mas a ON também fechou em baixa, ainda que leve (-0,17%). Por outro lado, os ganhos entre os maiores bancos ficaram entre 0,97% (Santander Unit) e 2,15% (Bradesco PN) no fechamento.
Petróleo
Após a pressão de alta sobre os preços da commodity no encerramento da semana passada, os contratos futuros de petróleo fecharam em baixa, hoje, com o mercado atento aos próximos passos no conflito entre Israel e Irã. A escalada nas tensões nos últimos dias havia dado impulso às cotações do barril, com analistas acreditando que a marca dos US$ 100 poderia ser ultrapassada. Por sua vez, com sinalizações de que Teerã não tem a intenção de ampliar os ataques, parte dos prêmios de risco foi devolvida hoje, apontam operadores.
Assim, em Nova York, o contrato de petróleo WTI para julho fechou em baixa de US$ 1,67 (US$ 1,22), a US$ 71,77 o barril. O Brent para agosto, negociado em Londres, recuou 1,35% (US$ 1,00), a US$ 73,23 barril.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Carolina Ferreira