Bira Presidente tinha 88 anos e estava em tratamento contra o câncer de próstata e Alzheimer
Internado desde a última segunda-feira (9/6), Ubirajara Félix do Nascimento, o Bira Presidente, faleceu na noite de sábado (14/6), no Rio de Janeiro. Considerado um ícone do samba brasileiro, o músico foi fundador do bloco Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal. Ele tinha 88 anos e estava em tratamento contra o câncer de próstata e Alzheimer.
Nascido em 23 de março de 1937, no bairro de Ramos, Zona Norte do Rio, Bira cresceu imerso na cultura do samba e do choro. Desde criança, frequentou rodas de samba ao lado de lendas como Pixinguinha, João da Baiana e Donga. A influência da mãe, mãe de santo da Umbanda, marcou a espiritualidade e a musicalidade de suas raízes.
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Seu “batismo no samba” aconteceu aos sete anos, na Estação Primeira de Mangueira, escola que sempre considerou sua de coração. Em 20 de janeiro de 1961, ele fundou, com amigos e familiares, o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos. O bloco, nascido da união de grupos menores do bairro, rapidamente se transformou em um dos mais importantes centros culturais do samba no país, famoso pelas animadas rodas em sua sede, o “Doce Refúgio”.
Bira Presidente foi considerado por muitos como o próprio Cacique de Ramos
Bira foi o único presidente da agremiação até seu falecimento, sendo conhecido como “o próprio Cacique”. No final dos anos 1970, das rodas do Cacique surgiu o grupo Fundo de Quintal, cofundado pelo sambista. O grupo revolucionou o samba tradicional ao incorporar instrumentos como o tantã, o repique de mão e o banjo, criando uma sonoridade inovadora que marcou época.
Percussionista, cantor e compositor de grande talento, o músico ficou especialmente conhecido como um dos maiores pandeiristas do samba. Participou de gravações históricas, como o álbum “De Pé no Chão”, de Beth Carvalho, e acompanhou diversos nomes consagrados da MPB. Antes de se dedicar integralmente à música, trabalhou por décadas como servidor público.
Ubirajara Félix do Nascimento deixa duas filhas, dois netos e uma bisneta chamada Lua. Sua morte representa a perda de uma das figuras mais emblemáticas e influentes da história recente do samba brasileiro.