Da água para o vinho

Da água para o vinho


A água não apenas ajuda a manter a hidratação e a clareza do paladar, mas também desempenha um papel importante na harmonização e na valorização do vinho durante a refeição

Arquivo Pessoal/Esper Chacur FilhoVinho e água
Uma boa água mineral, especialmente levemente alcalina, pode auxiliar na digestão e suavizar o impacto do álcool no estômago

O ser humano é composto, em sua grande parte, por água (quase 70%) e a Terra tem os mesmos quase 70% de sua superfície coberta por água. Natural que a água esteja mais que presente na vida e nos hábitos do ser humano, inclusive na gastronomia e, especialmente, no hábito do consumo de bebidas alcoólicas, inclusive o vinho. Beber vinho é um prazer sensorial e cultural, mas acompanhá-lo com água é uma prática fundamental para quem aprecia a bebida com equilíbrio e consciência. A água não apenas ajuda a manter a hidratação e a clareza do paladar, mas também desempenha um papel importante na harmonização e na valorização do vinho durante a refeição. 

Consumir água enquanto se bebe vinho tem múltiplos benefícios, a começar pela hidratação, vez que o álcool tem efeito diurético e desidratante. A água compensa essa perda, prevenindo dores de cabeça e fadiga. Também funciona bem na limpeza do paladar, vez que a água “reseta” as papilas gustativas, ajudando a perceber com mais nitidez os aromas e sabores do vinho em cada gole. Ainda, alternar entre vinho e água ajuda a prolongar a experiência sem ultrapassar os limites do consumo responsável. E, não se pode esquecer, que uma boa água mineral, especialmente levemente alcalina, pode auxiliar na digestão e suavizar o impacto do álcool no estômago.

O hábito de beber água e vinho, ao mesmo tempo, é milenar; na Itália é comum e até esperado que uma garrafa de água mineral acompanhe o vinho à mesa. Os italianos valorizam a harmonia entre vinho, comida e água, e costumam escolher águas locais com perfis minerais que respeitam a gastronomia regional. Os franceses bebem água com vinho com discrição, especialmente em jantares formais. Prefere-se água sem gás com tintos, e com gás com pratos mais gordurosos ou espumantes. A água ajuda a alongar a refeição e preservar a elegância da degustação. Em Portugal, é habitual servir água com vinho em restaurantes e refeições familiares. A água mineral portuguesa (como a Pedras ou Luso) é valorizada tanto por suas propriedades quanto por sua tradição cultural.

Na Argentina, embora o vinho seja fortemente cultural, o consumo de água mineral com vinho cresce, especialmente nas regiões vinícolas como Mendoza. É comum que enófilos mais experientes alternem vinho e água para preservar o paladar e apreciar melhor os Malbecs encorpados. Já no Brasil, hábito está se difundindo aos poucos, especialmente entre consumidores mais conscientes e em eventos de degustação. Águas minerais brasileiras, como São Lourenço, Prata, Ibirá, Caxambu ou Cambuquira, têm características diversas e vêm ganhando espaço na alta gastronomia como complemento ao vinho.

As águas mais digestivas costumam ser as alcalina e a alcalinidade de uma água está relacionada ao seu pH (potencial hidrogeniônico) e à presença de minerais como bicarbonatos, cálcio e magnésio. Águas com pH superior a 7 são consideradas alcalinas, e podem equilibrar vinhos de alta acidez, como brancos e espumantes. Já águas mais neutras (pH próximo de 7) são mais versáteis.

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Outra distinção importante é da água com gás para a sem gás. Água sem gás (natural) costuma ser neutra, discreta e respeita o sabor do vinho. Ideal para quem busca apenas hidratação ou deseja um acompanhamento sutil. Já a com gás, mais intensa na boca, pode interferir levemente no paladar do vinho, mas também tem efeito refrescante e ajuda a limpar a língua entre goles. É particularmente agradável com vinhos mais gordurosos ou ricos.

Como escolher a água certa para cada tipo de vinho? Seguem algumas sugestões: 

  • Vinhos tintos encorpados (ex: Cabernet Sauvignon, Syrah, Amarone) – Água com gás leve ou sem gás, com bom corpo mineral (resíduo fixo médio a alto), pH neutro ou levemente alcalino. Ajuda a limpar a boca e acompanhar a estrutura do vinho.
  • Vinhos tintos leves (ex: Pinot Noir, Gamay, Schiava) – Água leve, sem gás ou com gás suave. Resíduo fixo baixo a médio. Evite águas muito minerais, que podem sobrepor o frescor da bebida.
  • Vinhos brancos (ex: Sauvignon Blanc, Riesling, Friulano) – Água mineral leve a média, com pH ligeiramente alcalino (7–8), sem gás ou com gás fino. Realça a acidez sem competir com os aromas delicados.
  • Espumantes (ex: Champagne, Prosecco, Cava) – Água com gás suave, leve e alcalina. O gás da água deve ser mais sutil que o do espumante, apenas para refrescar e limpar o paladar.

Claro que o que importa, como sempre, é o gosto do consumidor, entretanto, fazer-se acompanhar de uma boa água mineral concomitantemente ao consumo do vinho é um ato de respeito a própria saúde e que traz uma matiz de prazeres sensoriais toda especial. Salut!!!

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.





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