Mudanças hormonais na gravidez podem prejudicar a visão, alerta médico. Entenda!

Você já ouviu dizer que a gravidez pode causar, antecipar ou agravar problemas de visão? Embora o assunto ainda seja pouco abordado, é mais comum do que parece. Segundo o oftalmologista Dr. Thiago Pizarro, mudanças hormonais e metabólicas típicas da gestação podem impactar diretamente a saúde ocular da mulher — tanto durante a gravidez quanto no pós-parto. Para entender melhor sobre o assunto, o portal LeoDias conversou com o especialista, que explicou detalhes do que pode acontecer com a visão durante a gestação. 

“Durante a gestação, é comum que ocorram alterações na visão por conta das mudanças hormonais e metabólicas. Entre os problemas mais relatados estão visão embaçada, olho seco, aumento temporário da miopia e, em alguns casos, agravamento de doenças pré-existentes como glaucoma e retinopatia diabética. No pós-parto, algumas mulheres ainda podem sentir instabilidade visual, especialmente se estiverem amamentando”, contou o Dr. Thiago Pizarro.

Entre os fatores que contribuem para essas mudanças está a variação hormonal, que pode afetar estruturas específicas do olho.

“Sim, os hormônios da gestação, especialmente estrogênio e progesterona, afetam várias estruturas do olho. Eles podem alterar a espessura da córnea, mudar temporariamente o grau dos óculos ou lentes e contribuir para o ressecamento ocular, que deixa os olhos mais sensíveis, irritados ou embaçados”, explicou.

Além dos hormônios, o acúmulo de líquidos também pode interferir na visão das gestantes.

“A retenção de líquidos pode causar inchaço nas pálpebras e na córnea, o que altera a curvatura natural do olho e com isso a visão pode ficar embaçada ou instável. Esse efeito costuma ser temporário e melhora após o parto ou com a regulação dos hormônios.”

Gestantes de alto risco devem ter cuidados redobrados com a saúde dos olhos

Em gestações de risco, como as que envolvem hipertensão, diabetes ou pré-eclâmpsia, os cuidados com a visão precisam ser redobrados.

“Sim, em gestações de alto risco, como aquelas com hipertensão, diabetes ou pré-eclâmpsia, os olhos podem ser mais afetados. Nessas situações, há maior risco de alterações mais graves na retina ou na pressão intraocular, exigindo acompanhamento oftalmológico regular durante todo o pré-natal”, contou o cirurgião oftalmologista, membro das academias americana e europeia de oftalmologia, Dr. Thiago Pizarro.

A preocupação aumenta ainda mais quando há histórico de doenças como diabetes gestacional ou hipertensão arterial.

“Com certeza. Essas condições aumentam o risco de retinopatia diabética, edema macular e outras alterações vasculares que podem afetar diretamente a retina. Por isso, o controle rigoroso da pressão arterial e da glicemia é essencial, além de um monitoramento ocular periódico”, explicou. 

Doenças oftalmológicas pré-existentes podem ser agravadas

Doenças oftalmológicas pré-existentes também merecem atenção, já que podem ser agravadas durante a gestação.

“A miopia pode se acentuar temporariamente, e doenças como o glaucoma podem ter a pressão intraocular reduzida, o que parece bom, mas exige atenção porque os medicamentos precisam ser ajustados com cuidado. Já a retinopatia diabética pode progredir mais rapidamente durante a gestação, sendo essencial o acompanhamento oftalmológico próximo”, contou.

A pré-eclâmpsia, uma condição potencialmente grave, pode inclusive provocar sintomas visuais mais intensos. “A pré-eclâmpsia pode afetar seriamente a visão. Os sinais de alerta incluem: Visão dupla ou turva, Manchas na visão (escotomas), Sensibilidade exagerada à luz, Perda temporária da visão. Esses sintomas exigem atendimento médico imediato, pois indicam possível comprometimento do sistema nervoso ou da retina”, revelou. 

Atenção aos sinais!

O que parece um incômodo leve pode, em alguns casos, ser sinal de algo mais sério. Por isso, é essencial diferenciar os sintomas comuns dos que exigem atenção imediata.

“Sintomas leves como visão levemente embaçada ou olho seco são comuns e, muitas vezes, passageiros. Já sintomas como diminuição súbita da visão, flashes de luz, perda de campo visual ou dor ocular são sinais de alerta e devem ser investigados imediatamente”, alertou. 

Situações como perda súbita da visão, dor intensa ou manchas na vista são sinais para procurar um especialista com urgência.

“Se surgirem sintomas como: Perda súbita da visão, Dor ocular intensa, manchas ou sombras na visão, Visão dupla persistente, Inchaço ao redor dos olhos associado a alterações visuais. Essas situações podem indicar problemas graves, como descolamento de retina, hipertensão ocular ou complicações vasculares”, continuou.

Felizmente, a maior parte das alterações visuais durante a gravidez é temporária. No entanto, isso não elimina a necessidade de acompanhamento médico.

“A maioria das alterações visuais na gravidez são temporárias e se resolvem nas primeiras semanas após o parto, à medida que os hormônios voltam aos níveis normais. No entanto, se a paciente já tinha uma doença ocular de base, os efeitos podem ser duradouros, por isso o acompanhamento pós-parto também é importante”, tranquilizou. 

Os problemas oculares também podem aparecer durante o pós-parto

Durante a amamentação, os efeitos hormonais continuam e também podem interferir na visão.

“Sim, durante a amamentação, os níveis hormonais continuam alterados e podem prolongar o ressecamento ocular ou a instabilidade do grau dos óculos. Em geral, isso é passageiro, mas pode exigir o uso de colírios lubrificantes e mais atenção ao conforto visual nesse período”.

Por fim, o oftalmologista destaca que o acompanhamento especializado deve fazer parte do pré-natal, especialmente entre as gestantes com histórico de doenças visuais ou condições de risco.

“Mulheres com histórico de doenças oftalmológicas, diabetes, hipertensão ou qualquer sintoma visual novo devem incluir o oftalmologista como parte da equipe de pré-natal. O cuidado com a saúde ocular também faz parte do bem-estar da mãe e do bebê”, finalizou.