O ministro Fernando Haddad fez nesta quinta-feira (12) uma reclamação a respeito da ação de setores da economia no Congresso Nacional. Ao chegar no Ministério da Fazenda de manhã, Haddad disse a jornalistas que os lobbys (jargão para grupos organizados que, representando algum setor, buscam influenciar decisões políticas) precisam “vir para a luz do dia”.
“Os lobbys precisam vir para a luz do dia. Quer defender bet? Quem quer defender banco, venha a público. Não tem problema. Mas tem que fazer um debate transparente, não vai se esconder. Vem a público e discute o que for”
O ministro Fernando Haddad: “O que eu não gosto é a pessoa xinga e sai correndo”Pedro Ladeira/Folhapress
A declaração foi feita quando o ministro explicava as medidas do governo publicadas na quarta (11) para compensar a revogação da alta do IOF. A fala aponta para duas direções:
- Os setores bancário e das apostas online, citados pelo ministro, são dois dos afetados no pacote de medidas: além de elevar a alíquota de imposto para as bets, o governo subiu a taxação para fintechs, igualando o imposto delas com o de outras instituições financeiras. Haddad chamou estes setores para o debate, levantando a possibilidade de uma audiência pública com “bets, Fazenda, bancos, vamos discutir”.
- A declaração também se relaciona à situação desconfortável de Haddad na Câmara dos Deputados no dia anterior quando o ministro teve uma audiência tumultuada após acusar uma “molecagem” dos deputados Carlos Jordy (PL-RJ) e Nikolas Ferreira (PL-MG), que fizeram questionamentos críticos ao ministro e depois foram embora da sessão, sem ouvir a resposta. Hoje, Haddad fez o comentário: “O que eu não gosto é a pessoa xinga e sai correndo. Aqui não dá”. Ontem, o ministro também ligou os deputados à ação de setores, dizendo que Nikolas fez “fake news de Pix com patrocínio das big techs”.
Ministro se diz disponível para conversar
Na entrevista a jornalistas, Haddad disse estar “disponível” para debater o impacto com os setores afetados. Também afirmou que o governo vem enviando medidas ao Congresso “sem arrogância” e que, por isso mesmo, a gestão vem conseguindo aprovar suas pautas no Legislativo, que “consegue compreender”.
O ministro da Fazenda também declarou que as medidas corrigem distorções no sistema de impostos. Disse que o setor de bets não gera empregos e que o governo Bolsonaro deixou de arrecadar cerca de R$ 40 bilhões com o jogo virtual
Sobre o setor de fintechs, questionou: “Por que que um banco do tamanho do Nubank paga menos imposto do que um banco do tamanho do Bradesco? São bancos da mesma dimensão”. Explicou que está “nivelando o pagamento de tributo das instituições financeiras” e completou: “Não vejo nenhum sentido em falar disso como um aumento de tributo”.