“As lembranças começam a vir e você desaba, porque não tem desfecho pra isso. Não tem um fim.”
O desabafo de Divanzil Fogaça resume o que tem sido sua vida nos últimos dois anos: uma rotina de busca incansável, esperança insistente e um vazio sem resposta. Desde o dia 8 de outubro de 2023, ele não tem notícias do filho, Gustavo Fogaça, que desapareceu aos 22 anos em Hortolândia, no interior de São Paulo.
Naquele domingo, pai e filho haviam passado o dia juntos, realizando um serviço de pintura. Quando terminou, Divanzil deixou o filho em casa. Antes de entrar, Gustavo o abraçou e fez piada com o pai: “Vai tomar banho, pai, o senhor tá fedido.”

Foi a última lembrança concreta que Divanzil tem do filho. Momentos depois, soube que alguém havia passado para buscar Gustavo. Desde então, silêncio.
A partir daquele dia, começou uma busca desesperada. Os pais de Gustavo vasculharam bairros, cidades vizinhas e, em uma das tentativas mais dolorosas, chegaram até a Cracolândia, no centro de São Paulo.

O caso de Gustavo não é isolado. Segundo o Anuário Nacional de Segurança Pública, cerca de 80 mil pessoas desaparecem todos os anos no Brasil.
O que fazer em caso de desaparecimento?
Verifique se há registro da pessoa desaparecida nos serviços de emergência
Antes de tomar outras providências, é importante verificar se a pessoa já foi atendida ou localizada por algum dos serviços de emergência. Para isso, entre em contato com os seguintes órgãos:
- SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência): disque 192
- Corpo de Bombeiros: disque 193
- Polícia Militar: disque 190
Esses serviços podem ter informações importantes sobre o paradeiro da pessoa.
Registre um Boletim de Ocorrência (BO)
O Boletim de Ocorrência é fundamental para iniciar oficialmente as buscas. O registro pode ser feito imediatamente, sem a necessidade de esperar 24 horas.
Ao registrar o BO:
- RG da pessoa desaparecida será bloqueado
- Isso não gera antecedentes criminais contra a pessoa;
- Mantenha seus dados de contato atualizados junto aos órgãos envolvidos, especialmente na delegacia responsável pela investigação.
Informações importantes para incluir no BO:
- Características físicas da pessoa desaparecida;
- Marcas identificáveis: cicatrizes, tatuagens, marcas de nascença, piercings, pintas, próteses, etc.;
- Roupas e objetos pessoais usados na última vez em que foi vista;
- Hábitos recentes e estado emocional;
- Último local onde foi vista;
- Informações sobre o celular, caso esteja com ela;
- Contexto do desaparecimento: para onde estava indo, com quem, em que situação, etc.
Plataforma
A EPTV e o acidade on lançam nesta segunda-feira (9) uma plataforma para divulgar informações sobre desaparecidos na área de cobertura do Grupo EP. Essa é a única página na internet com esse tipo de serviço aqui no estado de São Paulo.
Famílias ou conhecidos que tem casos de entes próximos que desapareceram podem usar a plataforma para reportar esse tipo de situação. A iniciativa está disponível para as praças de Araraquara, Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto e São Carlos.
Série Desaparecidos
Com o lançamento da plataforma, o EPTV1 está exibindo uma série de reportagens especiais com histórias de pessoas que buscam informações de familiares que sumiram de uma hora para outra e que vivem o drama da espera por notícias, e a esperança do reencontro, de um final feliz.
Já o EPTV2 vai contar com reportagens de serviço e orientações voltadas para os familiares e conhecidos dos desaparecidos, como, por exemplo, qual é o procedimento necessário para reportar às autoridades esse tipo de situação.
LEIA TAMBÉM
Programa que integra câmeras municipais ao Estado ajuda a encontrar desaparecidos em SP
Plataforma centraliza dados e auxilia investigações de desaparecimentos em SP