Congresso em Foco

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O ex-presidente Jair Bolsonaro negou ter participado da elaboração ou análise da chamada “minuta do golpe”. Durante interrogatório conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), Bolsonaro afirmou que o documento nunca foi discutido formalmente e sequer apresentava previsão de prisões ou intervenção na Justiça Eleitoral.

A minuta, considerada peça-chave na ação penal contra o ex-mandatário e seus auxiliares, previa medidas para anular o resultado da eleição presidencial de 2022. Diversas versões do texto circularam nos meses seguintes à derrota de Bolsonaro e uma delas foi encontrada em 2023 na sede do PL, partido ao qual é filiado. O documento trazia diferentes ordens de prisão contra autoridades do Judiciário e do Congresso.

Para Moraes, versão de Bolsonaro contradiz o relato do delator Mauro Cid.

Para Moraes, versão de Bolsonaro contradiz o relato do delator Mauro Cid.Ton Molina/STF

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e delator no processo, relatou em depoimento que Bolsonaro teria feito alterações na minuta apresentada por assessores em uma reunião no Palácio da Alvorada. “O senhor teria enxugado essa minuta, esse documento, tendo feito algumas alterações”, disse o ministro Moraes ao citar o depoimento de Cid.

Bolsonaro contestou a versão do ex-auxiliar, e alegou não ter tido acesso à minuta. Moraes o rebateu, destacando que a reprodução está nos autos do processo. O ex-presidente também negou que o então assessor Filipe Martins tivesse qualquer envolvimento com o texto: “Eu conheço muito bem o Filipe Martins. Se ele tivesse participado de qualquer coisa, eu saberia”.

Questionado se teria sugerido a prisão de autoridades ou intervenção na Justiça Eleitoral, Bolsonaro respondeu de forma categórica: “Falar contra autoridades, sugerir prisão, isso aí, na nossa reunião não está previsto isso. Não houve isso”. Ele afirmou que apenas buscou alternativas dentro da Constituição diante do fechamento de portas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas que qualquer ideia nesse sentido foi rapidamente descartada.

A versão de Bolsonaro contrasta com trechos da delação de Cid, segundo os quais o ex-presidente teria apresentado a minuta a militares de alta patente. A ação penal segue em fase de interrogatórios no STF e deverá ser concluída até o fim da semana, com os depoimentos dos ex-ministros da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto.



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