Congresso em Foco

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O aposentado Ivo de Araújo Oliveira Filho fez nesta segunda-feira (9) um apelo emocionado por notícias do filho, o publicitário e ativista pró-Palestina Thiago Ávila, coordenador da Coalizão Flotilha da Liberdade. O grupo, que inclui 12 ativistas de diferentes nacionalidades, entre eles a sueca Greta Thunberg, teve sua embarcação detida por forças israelenses no domingo (8), ao se aproximar da Faixa de Gaza. O último contato entre Thiago e o pai foi às 17h29 (horário de Brasília), pouco antes da interceptação do barco. “Vai ficar tudo bem, amo vocês”, disse o ativista brasiliense de 38 anos, em um áudio enviado pelo Instagram ao pai, à madrasta e à irmã. 

O áudio foi compartilhado por Ivo com o Congresso em Foco. Em vídeo gravado para este site, o aposentado fez um apelo por informações sobre o paradeiro do filho. Confira:

Receio do pai

“A única coisa que estou querendo é notícia do meu filho. Quero uma imagem dele, para ter certeza de que ele está bem, que sua vida está preservada. É só isso que estou pedindo”, disse Ivo. Ele teme que o filho esteja em situação mais delicada do que a dos demais integrantes da embarcação.

“A preocupação com meu filho é maior porque ele se posicionou de forma mais agressiva do que os outros em relação às ações de Israel. O ministro da Defesa de Israel já o chamou de ‘porta-voz do Hamas'”, afirmou o servidor aposentado do Senado ao Congresso em Foco.

Para ele, Thiago corre o risco de ser mantido em território israelense, sem deportação para o Brasil: “Israel não está tendo freio, nem limite. Tudo pode acontecer. Precisamos de uma força maior para garantir que nada aconteça com ele além da deportação”.

Outro motivo de preocupação é a visibilidade: “Os outros são influencers com grande projeção internacional. Com eles não deve acontecer nada. Mas meu filho não tem a mesma visibilidade”.

Itamaraty

Thiago é casado e pai de uma menina de um ano e sete meses, que vivem no Brasil. O pai reforça a necessidade de apoio das autoridades brasileiras para garantir sua integridade física. O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota cobrando de Israel a libertação dos ativistas.

“O governo brasileiro acompanha com atenção a interceptação, pela marinha israelense, da embarcação Madleen […] e cuja tripulação inclui o cidadão brasileiro Thiago Ávila. […] O Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos.”

O deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE) telefonou para Ivo e enviou ofício à Embaixada de Israel pedindo a libertação imediata dos ativistas. “Esse é um momento de mobilização para garantir a segurança de todos os tripulantes em respeito aos direitos humanos. Não vamos tolerar o silêncio diante da violência contra ações humanitárias”, declarou o deputado.

Histórico de ativismo

Thiago começou a atuar em causas humanitárias ainda adolescente. Aos 17 anos, participou da defesa de moradores do assentamento da Estrutural, no Distrito Federal, e da luta de indígenas no bairro Noroeste, em Brasília.

Thiago, no alto à esquerda, é o único brasileiro entre os ativistas que tentam furar o bloqueio em Gaza.

Thiago, no alto à esquerda, é o único brasileiro entre os ativistas que tentam furar o bloqueio em Gaza.Divulgação/Flotilha da Liberdade

A adesão à causa palestina se intensificou após uma visita a Gaza. “Desde então, ele vem criticando a atuação de Israel”, conta o pai. Para Ivo, a chegada da embarcação nas proximidades da costa de Gaza foi bem-sucedida. “Os mantimentos que levavam tinham caráter simbólico. O objetivo era chamar a atenção do mundo para o que acontece em Gaza.”

Bloqueio e ação israelense

A embarcação Madleen, organizada pela Freedom Flotilla Coalition (FFC), partiu da Itália em 1º de junho com arroz e leite em pó para bebês, tentando romper o bloqueio israelense a Gaza, em vigor desde 2007.

A FFC relatou que o navio foi “atacado em águas internacionais”, cercado por drones e lanchas rápidas. “Drones borrifaram uma substância branca. As comunicações foram bloqueadas”, informou a FFC.

A relatora da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, confirmou que houve três incidentes durante a travessia. Foto divulgada pela FFC, após a interceptação do barco, mostra os tripulantes com coletes salva-vidas e mãos erguidas.

O governo israelense afirmou que os passageiros estão “ilesos” e que serão “repatriados para seus países de origem”.

Além de Thiago, entre outros, estavam a bordo Greta Thunberg, a deputada francesa Rima Hassan e o ator irlandês Liam Cunningham (Game of Thrones).

O governo de Israel chamou a embarcação de “iate de selfies” e a iniciativa de “provocação midiática”. Alegou ainda que o bloqueio busca impedir armas ao Hamas, mas a ONU e organizações humanitárias o consideram ilegal e agravante da crise em Gaza.

O Hamas classificou a interceptação como uma “violação flagrante do direito internacional” e pediu a libertação dos ativistas.

A Organização das Nações Unidas (ONU) acompanha o caso. A ação revive memórias do ataque ao navio turco Mavi Marmara, em 2010, quando dez ativistas foram mortos.

A crise humanitária em Gaza se intensificou. Segundo o Ministério da Saúde local, mais de 54 mil pessoas morreram desde o início da ofensiva israelense em resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.



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