Congresso em Foco

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A última sessão da Reunião de Mulheres Parlamentares do BRICS, realizada nesta terça-feira (3), em Brasília, teve como foco o financiamento à inclusão econômica das mulheres. Representantes de parlamentos e de bancos públicos defenderam a ampliação do crédito como política estratégica para o bloco.

Mulheres parlamentares dos países membros se reúnem em reunião ministerial no Palácio do Itamaraty.

Mulheres parlamentares dos países membros se reúnem em reunião ministerial no Palácio do Itamaraty.Antônio Cruz/Agência Brasil

Segundo Luciana Silva Barbosa de Carvalho, executiva do Banco do Brasil, é essencial que os critérios das linhas de financiamento não penalizem trajetórias femininas, muitas vezes marcadas por dupla jornada e discriminação. “Das empresas clientes do BB, 42% são dirigidas por mulheres, mas ainda é preciso ir além”, afirmou. A instituição tem atuado com capacitação e crédito orientado para mulheres.

No BNDES, as mulheres representam 60% dos beneficiários do microcrédito e somam mais de 50 mil negócios financiados apenas em 2024, informou a executiva Shana Nogueira. Ela também destacou que mais de 400 startups lideradas por mulheres foram apoiadas por programas de inovação. “O apoio aos empreendimentos femininos é pauta central nesta gestão”, disse.

A vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Inês Magalhães, defendeu que políticas de financiamento considerem os recortes de gênero, raça e idade. “A pobreza no Brasil tem gênero, cor e faixa etária: é mulher, negra e jovem”, afirmou. Ela citou o programa Minha Casa, Minha Vida como exemplo de política inclusiva, destacando a titulação obrigatória das moradias em nome das mulheres.

Orçamento feminino

A deputada Juliana Cardoso (PT-SP) criticou a burocracia enfrentada por mulheres para acessar linhas de crédito. “Muitas vezes, elas não sabem a quem recorrer. E quando sabem, encontram um processo difícil e inacessível”, afirmou.

Durante a sessão, a deputada Célia Xakriabá (Psol-MG) propôs que as mulheres parlamentares se tornem líderes os países do BRICS redirecionem 5% do orçamento militar para ações climáticas com foco na proteção das mulheres. “Esse valor poderia mobilizar cerca de US$ 34,7 bilhões por ano”, defendeu. Para a parlamentar, a proposta é uma alternativa à lógica de guerra. “É hora de escolher entre a guerra e a vida”, disse.

Mulheres e o clima

A senadora Leila Barros (PDT-DF) discursou à favor de propostas a serem construídas de forma conjunta com os países membros do bloco, como a criação de fundo para mulheres e clima e plataformas de educação climática feminina. Ela também propôs um observatório do clima para analisar como impactos ambientais afetam as mulheres de todo o mundo, ressaltando a dignidade humana.

O encontro foi encerrado com a fala de Leila, que defendeu a institucionalização da reunião de mulheres parlamentares em todos os fóruns do BRICS. “A diversidade de experiências enriqueceu o debate. Essa conexão precisa se manter nos próximos encontros”, concluiu.

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