A legalização das apostas online no Brasil começou com força total em 2025. O entusiasmo é grande entre operadoras, plataformas como 777fun, investidores e até usuários, mas uma parte essencial do quebra-cabeça segue fora do tabuleiro: os cassinos físicos continuam aguardando sinal verde.
O projeto de lei 2.234/2022, que prevê a liberação de cassinos terrestres, bingo, jogo do bicho e apostas em corridas de cavalo, já passou por comissões importantes — mas a votação no Senado tem sido adiada seguidamente. O mercado vê isso como uma repetição das incertezas que marcaram a legalização do jogo online. Ainda assim, há quem acredite que, desta vez, a maré virou.
O país já aposta — mas finge que não
O Brasil insiste em proibir formalmente o jogo presencial, mas a prática é cotidiana. O jogo do bicho, proibido há quase 80 anos, segue firme em todo o país — jogado em esquinas, bancas e até por aplicativos informais. Fingir que ele não existe é, no mínimo, ingênuo.
Sem regulamentação, o Estado não sabe quem aposta, nem como — e isso é um prato cheio para fraudes, lavagem de dinheiro e práticas abusivas. Não há controle de fluxo financeiro, nem proteção ao consumidor. Regular o setor permitiria, inclusive, aplicar regras rígidas de prevenção, além de garantir transparência e arrecadação.
Esse vácuo de regulação se tornou ainda mais gritante depois da legalização das apostas digitais. A lógica é clara: se o ambiente online já tem regras claras, por que o físico seguiria na clandestinidade? O setor aponta, inclusive, que uma abordagem omnichannel — como discutida em relatórios globais sobre apostas — pode ser a solução ideal: unir o presencial e o digital sem criar concorrência interna.
A mentalidade também mudou. A nova geração enxerga o jogo como entretenimento e entende seus limites. Políticos e empresários, por sua vez, notam que ignorar o problema não resolve — só piora. A regulamentação física, para muitos, deixou de ser uma questão moral e virou uma urgência econômica, social e estratégica.
Turismo, emprego e bilhões no radar
O Brasil atrai cerca de 6 milhões de turistas estrangeiros por ano — um número modesto para um país com dimensões continentais, praias famosas e eventos de alcance global. Para efeito de comparação, a República Dominicana, com uma fração do tamanho, já passou dos 10 milhões de visitantes. É nessa disparidade que empresas do setor, enxergam uma oportunidade: trazer resorts integrados como uma nova âncora para o turismo brasileiro.
A ideia é simples: construir destinos que ofereçam não apenas hospedagem e lazer, mas também cassinos, centros de convenções e atrações culturais. Esse modelo já provou seu impacto econômico em outros mercados e poderia injetar bilhões de dólares em investimento direto no país — sem falar nos milhares de empregos gerados na construção civil, hotelaria, segurança e serviços.
Eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada trouxeram visibilidade, mas não conseguiram “mover a agulha” do turismo como o esperado. Faltou continuidade — e faltou estrutura. Para ele, os resorts integrados com jogos legais poderiam preencher esse vácuo e dar tração real a uma indústria que patina há décadas.
A lógica, segundo o setor, é inegável: o Brasil já tem clima, cultura e belezas naturais. O que falta é transformar tudo isso em produto turístico de alto impacto — e os cassinos legais seriam o combustível que falta nesse motor.
Quando o jogo vale a aposta
O projeto de legalização dos cassinos físicos pode finalmente avançar no primeiro semestre — ao menos essa é a expectativa nos bastidores. Nos corredores do Senado, o tema voltou a ganhar força. E no setor privado, a sensação é de que o timing nunca foi tão favorável.
O que mudou em relação ao passado? O próprio mercado online. A regulamentação digital, implementada no início do ano, virou um laboratório — mostrou o que funciona, o que precisa de ajuste e como o país pode lidar com jogos de forma organizada. O setor aposta que esse histórico recente vai acelerar o processo físico. Sem improviso, sem repetir erros. Dessa vez, dizem, o jogo pode — e deve — valer a aposta.