Ao final da audiência, o presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado disse que a convocação da ministra deve ser posta em votação na próxima reunião deliberativa do colegiado

A ida da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, à Comissão de Infraestrutura (CI) nesta terça-feira (27) foi marcada por tensão e divergências entre a gestora e alguns senadores. Ela foi cobrada pela demora na liberação de licenças ambientais. Após três horas e meia de debate e desentendimentos com o senador Plínio Valério (PSDB-AM), a ministra se retirou da audiência. Marina foi convidada a partir de requerimento do senador Lucas Barreto (PSD-AP) para tratar da criação de unidades de conservação marinha no Norte. O convite surgiu pela preocupação do parlamentar de que a instituição dessas áreas impossibilitasse a prospecção e exploração de petróleo na Margem Equatorial no Amapá.
Ao iniciar sua fala, o senador Plínio Valério disse que “a mulher merece respeito, a ministra não”. Marina Silva exigiu um pedido de desculpas e, como não foi atendida, retirou-se da audiência. Ela lembrou ainda que o senador, em outra ocasião, chegou a falar em “enforcá-la”. — Sou ministra do Meio Ambiente, foi nessa condição que eu fui convidada e ouvir um senador dizer que não me respeita como ministra, eu não poderia ter outra atitude — disse Marina Silva em coletiva após a audiência. Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), a fala de Plínio Valério não cabe num debate institucional: — O debate político pode ser caloroso, pode expressar as divergências, os pontos de vista, mas manifestação de desrespeito é inaceitável.
Anteriormente, a ministra já havia se desentendido com outros senadores. Ao presidente da CI, senador Marcos Rogério (PL-RO), ela disse que não é “uma mulher submissa”. Na sequência, ele a mandou se “pôr no seu lugar”. Também houve bate-boca com o senador Omar Aziz (PSD-AM) com relação à liberação da obra de pavimentação da BR-319 (Manaus-Porto Velho). Ao final da audiência, Marcos Rogério disse que a convocação da ministra deve ser posta em votação na próxima reunião deliberativa do colegiado.
Logo depois, já no plenário do Senado Federal, o senador Marcos Rogério (PL-RO) disse que os temas da infraestrutura estão acima das ideologias. “Eu não assumo a Comissão como um parlamentar de oposição para fazer oposição; eu assumo a Presidência da Comissão como um parlamentar que tem responsabilidade com a infraestrutura do Brasil”. E o Brasil deve muito no campo da infraestrutura. O Brasil é um gigante da porteira para dentro, mas, da porteira para fora, ainda deve muito no campo da infraestrutura”, disse Rogério.
O senador ainda relembrou os colegas senadores sobre as recentes audiências com a presença de ministros do governo Lula. Segundo ele, não houve desrespeito como o que aconteceu com os membros do governo. “Hoje nós recebemos, na Comissão de Infraestrutura, a senadora Marina Silva. Ela foi a terceira ministra, depois do líder Eduardo Braga, a comparecer à Comissão. Lá esteve o ministro Silvio Costa, lá esteve o ministro Renan Filho e hoje esteve a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Em nenhum momento, na presença de quaisquer dos ministros de Estado de um governo em que sou oposição, eu tratei com qualquer desrespeito ou ausência de urbanidade esses ministros. O ministro Silvio, o ministro Renan Filho, tiveram, na Comissão, o melhor dos ambientes para expor as suas falas, as suas razões, os seus argumentos, sendo questionados pelo conjunto dos senadores”, concluiu.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.