Indicado como testemunha, Waldo Manuel de Oliveira Aires afirma que o ex-ministro estava em Copacabana no dia dos ataques
O ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Walter Braga Netto jogava vôlei em Copacabana, no Rio de Janeiro, em 8 de janeiro de 2023, data dos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília. A informação foi dada pelo coronel do Exército Waldo Manuel de Oliveira Aires, testemunha de defesa de Braga Netto, durante audiência da 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta 6ª feira (23.mai.2025).
A declaração foi feita no âmbito da ação que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022 articulada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados. O STF ainda ouviu testemunhas de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e também réu no processo.
“Temos o costume de jogar vôlei na rede do Forte de Copacabana […] No dia 8 de janeiro, estávamos jogando lá”, afirmou o coronel.
Em sua fala, o coronel disse ainda que Braga Netto foi informado dos atos pelo filho, que o alertou para ligar a TV e acompanhar, e que ficou surpreso ao saber do vandalismo.
“Creio que, para todo mundo, foi uma surpresa. Não esperávamos que ocorressem aquelas manifestações. A depredação causou um choque geral, porque se tratava de manifestação pacífica. Jamais se imaginava que uma manifestação conservadora terminaria daquela forma”, declarou.
TESTEMUNHAS DO “NÚCLEO 01”
Desde 2ª feira (19,mai), o STF ouve 82 testemunhas no processo contra o chamado “núcleo 1” da tentativa de golpe de Estado, que tem entre os 8 réus o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na manhã desta 6ª feira (23.mai), prestaram depoimento as testemunhas indicadas por Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), e de Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil. Foram elas:
- Waldo Manuel de Oliveira Aires, coronel do Exército; e
- Carlos Afonso Coelho, ex-diretor-adjunto da Abin.
Outras 3 testemunhas, Frank Márcio de Oliveira, Rolando Alexandre de Souza e Alexandre de Oliveira Pasiani foram dispensadas.
Ainda nesta 6ª feira (23.mai), às 14h, o colegiado ouvirá:
- Hamilton Mourão (testemunha de Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto);
- Alex D’alosso Minussi (testemunha de Augusto Heleno);
- Gustavo Suarez da Silva (testemunha de Augusto Heleno);
- Marcos Sampaio Olsen (testemunha de Almir Garnier);
- Antonio Capistrano de Freitas Filho (testemunha de Almir Garnier);
- José Aldo Rebelo Figueiredo (testemunha de Almir Garnier); e
- Marcelo Francisco Campos (testemunha de Almir Garnier).
MORAES MANTÉM PRISÃO
O ministro do STF Alexandre de Moraes rejeitou o pedido da defesa e manteve a prisão preventiva de Braga Netto, réu por tentativa de golpe de Estado em 2022.
A decisão foi proferida na 5ª feira (22.mai). Os advogados do militar argumentavam que não havia fundamentos para mantê-lo preso e pediam a revogação da medida ou a substituição por outras medidas cautelares.
Na decisão (íntegra – PDF – 148 kB), Moraes disse haver indícios da participação de Braga Netto na tentativa de golpe e que o relatório da PF (Polícia Federal) o posiciona como liderança do plano para assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o próprio ministro do STF.
Além disso, para o magistrado, Braga Netto teve papel de organização e financiamento da tentativa de golpe e “agiu, reiteradamente, para embaraçar as investigações”.