A expansão para o Oriente Médio acontece em momento desafiador para o mercado de arte global. O Relatório Global do Mercado de Arte da Art Basel e UBS, o mais importante do setor, indica que as vendas globais diminuíram nos últimos 2 anos, com queda de 12% em 2024, resultado de incertezas geopolíticas e volatilidade econômica.
O Qatar investe consistentemente em cultura desde 2005, sob a liderança de Sheikha Al Mayassa, presidente do Qatar Museums (QM) e irmã do emir Tamim bin Hamad al-Than.
O país, com menos de 400.000 cidadãos, possui um fundo soberano que controla mais de US$ 500 bilhões em ativos. Atualmente conta com 4 museus em funcionamento, incluindo o Mathaf (dedicado à arte moderna árabe), o Fire Station (arte contemporânea), o Museu Nacional do Qatar e o Instituto de Arte Islâmica.
A chegada da Art Basel representa mais um passo na estratégia do Qatar de utilizar seus recursos para ganhar influência internacional através de investimentos culturais. Além dos museus existentes, o país está prestes a inaugurar novos projetos: o Art Mill (campus com galerias de arte e espaços para workshops), o Museu Lusail (para pinturas orientalistas) e o 1º novo pavilhão a ser construído na Bienal de Veneza em 30 anos.
O Golfo Pérsico, região com grande riqueza proveniente principalmente de combustíveis fósseis, é considerado pelo comércio internacional de arte como mercado prioritário para expansão. Até agora, a Art Dubai tem sido a feira de arte mais proeminente da região.
O impulso cultural do Qatar se intensificou após a Copa do Mundo de 2022, buscando diversificar sua economia e melhorar sua imagem internacional. A nação já investiu bilhões de dólares na aquisição de obras importantes e no desenvolvimento de infraestrutura cultural.
Os planos para a feira vão além do modelo tradicional de estandes vendendo arte. O evento buscará aproveitar a infraestrutura hoteleira e turística do Qatar, integrando cultura, entretenimento e hospitalidade.
A parceria com a QSI, proprietária do clube de futebol Paris Saint-Germain, também abre possibilidades de colaboração durante a Art Basel Paris, reforçando a estratégia do Qatar de construir conexões com o cenário cultural europeu.