Diretor da corporação, Andrei Rodrigues afirma trabalhar com hipóteses de extradição ou expulsão; integrante da organização criminosa é foragido e foi condenado a 12 anos de prisão
A Polícia Federal espera que as autoridades bolivianas entreguem Marcos Roberto de Almeida ao Brasil em uma audiência no domingo (18.mai.2025). Conhecido como “Tuta”, ele foi preso em Santa Cruz de la Sierra. É citado como um dos principais nomes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e substituto de Marcola, líder da organização criminosa.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, disse neste sábado (17.mai) que há duas possibilidades para a volta de Tuta:
- expulsão – ato administrativo em que a Bolívia decide remover um estrangeiro do território por representar ameaça à ordem pública ou ter violado leis locais. Não exige pedido do Brasil;
- extradição – ato judicial em que um país entrega um estrangeiro a outro que o solicita. Requer decisão da Justiça.
“Está prevista para amanhã [domingo, 18 de maio de 2025] algo semelhante a nossa audiência de custódia, com autoridades judiciárias da Bolívia. A nossa expectativa é que amanhã mesmo tenhamos uma posição sobre esse processo, seja pela expulsão, seja pela extradição”, disse Andrei a jornalistas na sede da Polícia Federal, em Brasília.
O diretor-geral da PF afirmou que Tuto foi condenado a 12 anos de prisão por organização criminosa, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Está foragido do Brasil desde 2021.
Andrei declarou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi comunicado sobre o caso pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. O chefe das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também está ciente.
“Tão logo comuniquei ao ministro [Lewandowski], ele cumprimentou a ação da Polícia Federal, obviamente feliz com o desfecho que conseguimos a partir da cooperação internacional”, afirmou o diretor-geral da PF.
Caso Tuta volte ao Brasil, ainda não há uma definição de qual seria o seu presídio. Marcola está na Penitenciária Federal de Brasília.
“Vai ser coordenado com a nossa equipe a maneira de fazer essa remoção do preso”, declarou Andrei.
A prisão de Tuta na Bolívia é de conhecimento geral. Apesar disso, Andrei Rodrigues se recusou a falar o nome do preso ou do PCC. Segundo ele, é uma determinação da Polícia Federal: “Os dados já estão circulando por aí. Acho que é de conhecimento de todos. Mas eu não vou aqui exaltar nem nome de pessoa e muito menos de organização criminosa”.
PCC
Fundado em 1993 na cidade de Taubaté, a 130 km da capital São Paulo, o PCC é hoje a maior organização criminosa do país. Segundo o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, o grupo tem até 40.000 integrantes e movimenta cerca de R$ 6 bilhões por ano.
Mesmo depois das prisões de líderes do PCC, como Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, a facção continuou a expandir sua influência dentro e fora de presídios.
O PCC é financiado principalmente pelo tráfico de drogas, mas roubos de cargas, assaltos a bancos e sequestros também contribuem para o financiamento da organização. Só em São Paulo, estima-se que cerca de 10.000 integrantes estejam presentes em 90% das penitenciárias.
Além disso, investigadores estimam que países vizinhos do Brasil, como Bolívia, Paraguai e Colômbia tenham “braços” do PCC em seus respectivos contextos criminais, dominando rotas de tráfico de drogas. Esses “braços” seguem diretrizes, pagam mensalidades e obedecem às ordens dos superiores, seguindo uma estrutura que se assemelha a de uma empresa.
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