Sócio do IDP, Gilmar diz não ver conflito em contrato com CBF

Sócio do IDP, Gilmar diz não ver conflito em contrato com CBF


Em entrevista, ministro afirma que o instituto só organizou cursos da CBF Academy e cedeu seu “bom prestígio” à entidade

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes negou na 5ª feira (15.mai.2025) haver conflito de interesse entre o IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), do qual é sócio, e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Em entrevista ao portal UOL, Gilmar comentou as declarações do senador Eduardo Girão (Novo-CE), que disse haver “gravíssimo conflito de interesse” entre sua relação com o instituto e a anulação no STF do processo que afastava do cargo o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

“Não vou responder a crítica nenhuma do [Eduardo] Girão, todos o conhecem, inclusive no Ceará. Eu sou sócio do IDP e, em dado momento histórico, o IDP aceitou uma proposta da CBF para realizar os cursos que a CBF Academy fazia. Foi somente um contrato de direito privado dirigido pela direção do IDP. Não há conflito de interesse em relação a esta questão. O IDP é uma instituição extremamente conceituada no Brasil e no exterior. Neste caso, [o IDP] estava organizando e cedendo seu bom prestígio à CBF, e não o contrário.”, disse Gilmar.

Em janeiro de 2024, uma liminar do magistrado reconduziu Ednaldo ao cargo, após decisão da Justiça do Rio de Janeiro afastá-lo da presidência da CBF pela 1ª vez. Em abril, durante discurso no Plenário do Senado Federal, Girão pediu que as ações de Gilmar fossem investigadas.

O ministro concedeu uma liminar que anulou a decisão da Justiça do Rio e reconduziu Ednaldo à presidência. Pouco tempo depois, a CBF firmou uma generosa parceria com o IDP. Isso precisa ser investigado. É gravíssimo o conflito de interesses. O ministro deveria ter se declarado impedido”, declarou.

Gilmar explicou que a transferência da matéria do STF para o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) se deu por conta da possibilidade de um dos vices da CBF, Coronel Nunes, ter falsificado uma assinatura em um documento que reconduziu Ednaldo ao comando da entidade.

Houve um acordo feito entre 3 remanescentes nessas ações que corriam no Rio de Janeiro desistindo e retirando qualquer pleito ou queixa. Isso veio para cá [STF] e foi homologado por mim, que era o relator de um processo que tem conexão com esta matéria. Aí surgiram imputações de que um dos signatários não estaria em condições de fazer a assinatura, que seria falsa, ou muito provavelmente falsa. Eu disse, então, que isto não era matéria da nossa competência e devolvi o tema ao tribunal do Rio de Janeiro”, afirmou Gilmar.

ENTENDA O CASO

O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ednaldo Rodrigues, foi afastado da presidência da entidade na 5ª feira (15.mai.2025). O vice-presidente Fernando Sarney foi nomeado interventor e assume interinamente. A decisão é do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro). Rodrigues recorreu da decisão.

Na decisão, o desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro ordenou que Sarney convoque novas eleições o mais rapidamente possível. Eis a íntegra do documento (PDF – 270 kB).

Fernando Sarney, vice-presidente da CBF, protocolou um pedido ao Supremo para suspender o acordo firmado no início do ano que reconheceu a legitimidade das eleições de 2022 e que assegurou a permanência de Ednaldo Rodrigues na presidência da entidade.

Sarney alega que o acordo foi assinado por Antônio Carlos Nunes (o Coronel Nunes), ex-presidente da CBF, que tem problemas de saúde e capacidade cognitiva comprometida. Ele teve um tumor cerebral e tem 86 anos.

Suspenda imediatamente os efeitos do acordo ora impugnado por simulação de negócio jurídico, a qual se evidencia pelas provas robustas que demonstram a invalidade jurídica da assinatura do Sr. Antônio Carlos Nunes De Lima”, diz a petição enviada pelo vice-presidente da entidade.

A disputa pelo comando da confederação se arrasta há 3 anos. Desde que Rodrigues assumiu a presidência em 2022, uma ação questionando a legitimidade de sua eleição tramitava no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Fernando Sarney integra a atual gestão da CBF com mandato até março de 2026. Depois de romper politicamente com Rodrigues, ele não participou da chapa reeleita.





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