Em conversa sobre o plano de golpe, policial fala em ‘matar meio mundo’ para manter Bolsonaro no poder

Em conversa sobre o plano de golpe, policial fala em ‘matar meio mundo’ para manter Bolsonaro no poder


Agente afirmou fazer parte de uma ‘equipe de operações especiais’ armada com ‘poder de fogo elevado’, que, segundo ele, estava pronta para ‘empurrar quem viesse à frente’ e impedir a posse do presidente Lula

MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDOO ex-presidente Jair Bolsonaro é visto ao chegar em Brasília no dia que se inicia seu julgamento pela primeira turma do Superior Tribunal Federal
Wladimir Matos Soares diz que Jair Bolsonaro ‘deu para trás’ em plano de golpe

Áudios recuperados na investigação sobre o plano de golpe de Estado mostram que o policial federal Wladimir Matos Soares falou em “matar meio mundo” na trama para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota na eleição de 2022. As mensagens foram encontradas no computador do agente, que está preso preventivamente desde novembro de 2024. Ele foi denunciado na trama golpista. Em conversas no WhatsApp, o policial afirmou fazer parte de uma “equipe de operações especiais” armada com “poder de fogo elevado”, que, segundo ele, estava pronta para “empurrar quem viesse à frente” e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Esperávamos só o ok do presidente, uma canetada, pra gente agir. Só que o presidente deu para trás porque na véspera que a gente ia agir o presidente foi traído dentro do Exército”, diz Wladimir Soares em um dos diálogos.

“Não ia ter posse, cara, nós não íamos deixar. Mas aconteceu.” Segundo o policial, apenas o almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, apoiou o plano golpista. Garnier também foi denunciado no inquérito do golpe. “Garnier foi o único cara. A Marinha desde o começo foi a única que apoiou a gente 100%. O resto tirou o corpo.”

‘Jogar a toalha’

As conversas ocorreram entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023. Em outro diálogo, o agente afirma que “estava tudo planejado” para o golpe, mas que Bolsonaro “deu para trás” no “último minuto”. “Parece que vai jogar a toalha.”

Wladimir confirma que a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), estava nos planos do grupo. “A gente estava preparado para isso inclusive, para ir prender o Alexandre de Moraes. Eu ia, estava na equipe”, diz ele na gravação.

O policial federal afirma ainda que a cabeça de Moraes deveria ter sido “cortada” em 2020, quando o ministro anulou a nomeação do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) para dirigir a Polícia Federal. “O Alexandre de Moraes realmente tinha que ter tido a cabeça cortada quando ele impediu o presidente de colocar um diretor da PF, o Ramagem, tinha que ter cortado a cabeça dele era ali, mas não fez, foi frouxo.”

O computador do policial foi apreendido na Operação Tempus Veritatis. A PF conseguiu recuperar o backup do WhatsApp no notebook de trabalho de Wladimir. O relatório complementar da perícia foi enviado ao STF.

cta_logo_jp

Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp!

“Os novos elementos de prova ratificam o contexto fático criminoso descrito no relatório final da investigação, demonstrando que Wladimir Matos Soares foi arregimentado e integrou a organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado e abolir violentamente o estado democrático de direito no ano de 2022”, afirmam os delegados Fábio Alvarez Shor e Itawan de Oliveira Pereira, da Coordenação de Investigações e Operações de Contrainteligência.

*Com informações do Estadão Conteúdo

Publicado por Nátaly Tenório





Source link