Veja cuidados importantes para prevenir o câncer de esôfago

Veja cuidados importantes para prevenir o câncer de esôfago


Doença afeta o tubo digestivo responsável por levar os alimentos da garganta ao estômago

O câncer de esôfago evolui rapidamente e de forma silenciosa O câncer de esôfago evolui rapidamente e de forma silenciosa Imagem: Magic mine | Shutterstock) </p>

O câncer de esôfago é uma doença que afeta o tubo digestivo responsável por levar os alimentos da garganta ao estômago. Com evolução geralmente rápida e silenciosa, costuma ser diagnosticado em estágios avançados, dificultando o tratamento e reduzindo as chances de cura. Um caso recente que chamou a atenção foi o do ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, que morreu aos 69 anos em decorrência da condição, diagnosticada em 2024. 

A incidência do tumor no esôfago tem crescido no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados mais de 11 mil novos casos por ano no país, com maior predominância entre homens acima dos 50 anos. “Trata-se de um câncer silencioso, muitas vezes diagnosticado tardiamente, o que dificulta o tratamento e piora o prognóstico”, explica o Dr. Ramon Andrade de Mello, oncologista do Centro Médico Paulista High Clinic Brazil – São Paulo e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia. 

Segundo o médico, bons hábitos também podem ajudar a evitar o surgimento da doença. “Embora fatores genéticos e ambientais desempenhem papéis importantes no desenvolvimento da doença, há pelo menos três comportamentos modificáveis que, comprovadamente, podem reduzir o risco: evitar o consumo de álcool, parar de fumar e manter uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes”, comenta.

Cigarro e álcool aumentam as chances de câncer de esôfago

O tipo mais comum da doença no Brasil é o carcinoma espinocelular, associado a danos diretos na mucosa do esôfago, o canal que liga a boca ao estômago. “O cigarro, isoladamente, é um dos maiores agressores desse tecido. A fumaça do tabaco contém substâncias tóxicas e cancerígenas que, ao serem inaladas e engolidas, entram em contato direto com o revestimento do esôfago, promovendo mutações celulares ao longo do tempo. Estudos apontam que o risco de desenvolver esse tipo de câncer pode ser até cinco vezes maior em fumantes do que em não fumantes”, diz o oncologista.

Mas o cigarro não é o único. O álcool potencializa esse efeito irritativo para o revestimento do esôfago. “O etanol é metabolizado em acetaldeído, uma substância altamente tóxica e classificada como carcinogênica. Quando o consumo de álcool é associado ao tabagismo, os riscos não se somam — eles se multiplicam. Pesquisas mostram que a combinação dos dois hábitos pode elevar o risco de câncer de esôfago em mais de 30 vezes, em comparação a indivíduos que não fumam nem bebem”, diz o Dr. Ramon Andrade de Mello.

Bons hábitos podem ajudar a evitar o surgimento do câncer de esôfago Imagem: ViDI Studio | Shutterstock

Prevenindo o câncer de esôfago

A dieta também desempenha um papel crucial na prevenção dessa doença. Conforme o Dr. Ramon Andrade de Mello, estudos mostram que dietas com baixo consumo de frutas, verduras e vegetais aumentam o risco de câncer. Esses alimentos são fontes de fibras, antioxidantes e vitaminas, que ajudam a combater a inflamação e o estresse oxidativo — fatores associados ao desenvolvimento de vários tipos de câncer.

“Em contrapartida, dietas com excesso de alimentos ultraprocessados, pobres em nutrientes e ricos em sódio, corantes e conservantes, contribuem para a inflamação do trato digestivo e prejudicam a regeneração do tecido esofágico”, comenta o médico.

Embora nem todos os casos da doença possam ser evitados, parar de fumar, evitar bebidas alcoólicas e adotar uma alimentação saudável são medidas eficazes de prevenção primária, segundo o Dr. Ramon Andrade de Mello.

“A boa notícia é que, mesmo entre pessoas que fumaram ou beberam por longos períodos, a interrupção desses hábitos ainda oferece benefícios. A redução no risco de câncer começa já nos primeiros anos após parar de fumar ou beber e continua a cair com o tempo. Prevenir o câncer de esôfago não exige medidas drásticas ou inacessíveis”, afirma. 

O oncologista explica que a prevenção não exige medidas drásticas ou inacessíveis. “Trata-se, sobretudo, de escolhas consistentes no dia a dia: trocar o cigarro por uma caminhada, substituir bebidas alcoólicas por sucos naturais e incluir mais vegetais no prato. São mudanças simples, mas que, com base científica sólida, podem representar uma diferença significativa para a saúde a longo prazo”, ressalta.

Tratamento do câncer de esôfago

O tratamento do câncer de esôfago envolve diferentes abordagens, que variam conforme o estágio da doença, o tipo do tumor, a localização no órgão e as condições de saúde do paciente. “Em muitos casos, especialmente quando o diagnóstico é feito em estágios iniciais ou localmente avançados, a cirurgia para remoção parcial ou total do esôfago — chamada esofagectomia — é indicada. Trata-se de um procedimento complexo, pois o esôfago é um órgão delicado e próximo de estruturas vitais, exigindo técnicas cirúrgicas avançadas e cuidados intensivos no pós-operatório”, afirma o Dr. Ramon Andrade de Mello.

O oncologista explica que a quimioterapia também auxilia no tratamento. “A quimioterapia também desempenha um papel importante no tratamento, podendo ser administrada antes da cirurgia, para reduzir o tamanho do tumor (neoadjuvante), ou depois, com o objetivo de eliminar possíveis células cancerígenas remanescentes (adjuvante). Em tumores mais avançados, quando a cirurgia não é viável, a quimioterapia passa a ser utilizada para controlar a progressão da doença e aliviar sintomas”, diz o médico. 

A radioterapia, por sua vez, também costuma ser combinada com a quimioterapia. “Nos últimos anos, terapias mais modernas têm ampliado as opções terapêuticas, principalmente nos casos de câncer metastático ou resistentes aos tratamentos convencionais. A imunoterapia, que estimula o sistema imunológico a reconhecer e combater as células tumorais, vem mostrando resultados promissores. Além disso, terapias-alvo que atuam em mutações específicas, como a HER2 em alguns adenocarcinomas, também têm sido incorporadas aos protocolos de tratamento, oferecendo abordagens mais personalizadas”, completa o médico. 

Segundo o especialista, a junção de bons hábitos e cuidados paliativos é fundamental para o tratamento do câncer de esôfago. “Como a doença frequentemente afeta a deglutição, muitos pacientes precisam de intervenções para garantir a alimentação adequada, como sondas ou próteses esofágicas. Equipes multiprofissionais, incluindo nutricionistas, psicólogos e profissionais de cuidados paliativos, são fundamentais para preservar a qualidade de vida ao longo de toda a jornada do paciente”, finaliza o Dr. Ramon Andrade de Mello.

Por Maria Claudia Amoroso





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