Trajetória de Lula foi marcada pelos ensinamentos que aprendeu com o ex-presidente do Uruguai
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi ao velório de Pepe Mujica nesta quinta-feira (15/5) em Montevidéu, no Uruguai. Além de colegas por conta dos cargos políticos, o chefe do Executivo brasileiro e o ex-presidente do país uruguaio eram amigos.
Após dar adeus à Mujica, que faleceu nesta terça-feira (13/5), Lula fez um breve pronunciamento à imprensa. Durante seu relato, Lula contou que quando soube da morte de Mujica, imediatamente ligou para o presidente Yamandú Orsi para saber que horas seria o velório.
“Não queria que o Pepe fosse queimado ou enterrado sem que eu pudesse me despedir. O Pepe Mujica é um ser humano muito especial para quem pensa no passado, no presente e no futuro. Uma pessoa como Pepe Mujica não morre”, disse, emocionado.
Veja as fotos
Caixão de Mujica saindo da igreja em Montevidéu na tarde desta quinta-feira (15/5)Reprodução: YouTube/Parlamento del Uruguay
Cortejo fúnebre de Pepe Mujica foi transmitido ao vivo no YouTubeReprodução: YouTube/Parlamento del Uruguay
Autoridades brasileiras lamentam a morte de Pepe Mujica, ex-presidente do UruguaiReprodução: PT
Mujica em encontro com a Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), no Palácio do Planalto, em 2023Foto: Ricardo Stuckert/PR
Ainda em seu pronunciamento, Lula destacou a trajetória de Mujica: “As ideias que implantou em todos esses anos, inclusive a generosidade de um homem que passou 14 anos no cárcere e conseguiu sair para liberdade sem nenhum ódio das pessoas que o aprisionaram e torturaram. Ele é um ser humano superior”, contou.
Durante a ditadura militar instaurada em 1973, Mujica foi preso e passou quase 15 anos encarcerado, sendo 11 deles em condições extremas de isolamento.
Nesse período, foi submetido a torturas físicas e psicológicas, chegando a ser forçado a comer sabão e papel higiênico para sobreviver.
Após ser libertado em 1985, com a redemocratização do país, Mujica ingressou na vida política institucional, ajudando a fundar o Movimento de Participação Popular (MPP), uma corrente dentro da coalizão de esquerda Frente Ampla.
Eleito deputado em 1994 e senador em 1999, Mujica consolidou sua trajetória política e conseguiu se eleger à presidência do Uruguai em 2010, cargo que ocupou até 2015.
Lula também relembrou como Mujica era uma pessoa, segundo ele, diferenciada: “Conheci na minha vida muita gente, muitos políticos. Mas o Pepe era aquela figura especial; mais carinhosa e quem aprendi a respeitar, admirar e seguir cada passo depois que ele assumiu a presidência do Uruguai”, relatou.
Ao final, o presidente do Brasil citou também a passagem do Papa Francisco, que faleceu também neste mês. “Espero que os dois juntos, onde estiverem no céu, não deixem de olhar e conseguir abençoar para que a humanidade seja melhor”.
Também foram ao velório de Mujica a comitiva composta pela primeira-dama, Janja; o ministro Marcio Macedo, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República; o senador Humberto Costa (PT-PE), presidente interino do PT; os deputados federais Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Guilherme Boulos (PSol-SP); e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
